Toda a gente tem necessidade de cumprir os seus lutos; toda a gente, a partir de determinado período, tem necessidade de enterrar a dor, digerir a mágoa, soltar da garganta o nó, e seguir em frente. Pedro Santana Lopes não é excepção. O menino-guerreiro precisava, confessou aos jornalistas, "encerrar um capítulo da sua vida política". É justo.
Num país em que toda a gente publica o que lhe apetece não há razão nenhuma para que o ex-primeiro-ministro mais fugaz da história do país não pudesse escrever um livro a contar a sua versão dos factos sobre a crise política de 2004, que culminaria com as eleições legislativas antecipadas, de onde saiu o sucessor socialista José Sócrates.
A única coisa que me irritou - exclusivamente pelo que li na imprensa e objectivamente não tenho a menor intenção de ficar mais informada, adquirindo o livro -, foi Santana Lopes não ter citado o principal responsável pela situação: Durão Barroso!!! Foi essa a esperança que alimentei nos últimos dois anos. A esperança de que dissertasse um dia sobre o facto de se ter limitado a tentar estar à altura do desafio que lhe tinham colocado à frente. Mesmo consciente das suas limitações. Aí sim, teria ganho o meu respeito. Nunca percebi por que razão o actual presidente da Comissão Europeia - espécie execrável de rato do porão - continua a ser poupado, quando foi ele que abandonou o cargo poucos meses depois de ter assegurado que o cumpriria até ao fim. Quando foi ele que escolheu Santana Lopes. Quando foi ele que assobiou - e continua - para o ar como se nunca nada tivesse passado pela sua cabeça. Culpar Cavaco Silva e Jorge Sampaio é ficar infinamente aquém da ressuscitação política. O guerreiro continua a ser um menino.
Se lesse o livro, veria que o "rato do porão" não foi poupado... Falar de livros sem os ler é um risco mt grande...
ResponderEliminarUm risco não tão grande quando é denunciado. Mas agradeço a boa notícia...
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