quinta-feira, janeiro 31, 2013

Quase...


... quase lá. Se Seguro não fosse tão de cortar os pulsos e esta crónica não tivesse sido publicada um dia depois da entrevista do secretário geral do PS (até quando?) a José Gomes Ferreira.

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Fernando Sobral: A política Dorian Gray



Cada vez que um secretário de Estado é removido, o Governo olha para o espelho e julga que é Dorian Gray. No fundo Passos Coelho tem medo de ver as rugas reais do seu Governo e também a sua verdadeira identidade.


Os secretários de Estado caem, como peras podres, para que os ministros descartáveis como Miguel Relvas se mantenham. Passos Coelho resiste dentro da falácia que é julgar que caminha com segurança para um destino que só ele vê. E continua a construir argumentos a partir de falsas premissas. Cada miniatura de remodelação, é um evento. E isso permite que o Governo não reconheça que está equivocado nas trapalhadas que vai distribuindo, aos molhos, pela sociedade.

A remodelação Dorian Gray permite que o Governo finja mudar enquanto se prepara, no meio do tumulto no PS, para cortar quatro mil milhões sabe-se lá onde e se faça uma pseudo-reforma do Estado à sucapa. E tudo corre melhor porque o PS está preocupado consigo próprio, em vez de se focar nos dislates do Governo. É por isso que António Costa só finge que avança para a liderança: para manter a pressão. Sabe que para resolver certos problemas o melhor é não fazer nada. Para que é que o PS quer ganhar, agora, o poder? Para fazer o que faz Passos Coelho? António Costa e António José Seguro hão-de lutar, porque tudo os separa há muitos anos. Mas Costa sabe que é preciso tempo.

A questão central é a da hegemonia cultural, de que falava António Gramsci. Só quando o vazio arder nos bolsos e na alma dos portugueses será possível mudar o rumo do vento. Até lá, quem quiser o 
poder, terá de gerir o tempo. E esperar que a fonte da juventude de Dorian Gray seque. 

[Hoje, Jornal de Negócios]

segunda-feira, janeiro 28, 2013

Oscars 2013


Melhor Filme

  • Lincoln
  • Argo
  • Zero Dark Thirty
  • Les Misérables
  • Silver Linings Playbook
  • Life of Pi
  • Django Unchained
  • Amour
  • Beasts of the Southern Wild

Melhor Realizador

  • Steven Spielberg por Lincoln
  • Ang Lee por Life of Pi
  • David O. Russell por Silver Linings Playbook
  • Michael Haneke por Amour
  • Benh Zeitlin por Beasts of the Southern Wild

Melhor Ator

  • Daniel Day-Lewis em Lincoln
  • Joaquin Phoenix em The Master
  • Bradley Cooper em Silver Linings Playbook
  • Hugh Jackman em Les Misérables
  • Denzel Washington em Flight

Melhor Actriz

  • Jessica Chastain em Zero Dark Thirty
  • Jennifer Lawrence em Silver Linings Playbook
  • Emmanuelle Riva em Amour
  • Naomi Watts em The Impossible
  • Quvenzhané Wallis em Beasts of the Southern Wild

Melhor Actor Secundário

  • Philip Seymour Hoffman em The Master
  • Tommy Lee Jones em Lincoln
  • Alan Arkin em Argo
  • Robert De Niro em Silver Linings Playbook
  • Christoph Waltz em Django Unchained

Melhor Actriz Secundária

  • Anne Hathaway em Les Misérables
  • Sally Field em Lincoln
  • Amy Adams em The Master
  • Helen Hunt em The Sessions
  • Jacki Weaver em Silver Linings Playbook

Melhor Argumento Original

  • Zero Dark Thirty
  • Flight
  • Django Unchained
  • Moonrise Kingdom
  • Amour

Melhor Argumento Adaptado

  • Lincoln
  • Argo
  • Silver Linings Playbook
  • Beasts of the Southern Wild
  • Life of Pi

Melhor Canção Original

  • "Skyfall", de Skyfall
  • "Suddenly", de Les Misérables
  • "Before My Time", de Chasing Ice
  • "Everybody Needs a Best Friend", de Ted
  • "Pi's Lullaby", de Life of Pi

domingo, janeiro 27, 2013

sábado, janeiro 26, 2013

sexta-feira, janeiro 25, 2013

Life of Pi by Ang Lee ****



"I suppose in the end, the whole of life becomes an act of letting go, but what always hurts the most is not taking a moment to say goodbye."

quinta-feira, janeiro 24, 2013

She survived...


... but she's feeling old and she's found all things cold.

terça-feira, janeiro 22, 2013

Ruben Fonseca: Pequenas criaturas


“Sei que temos esse jantar, não se preocupe, estou vendo se encontro aquele vestido... Vou a outras lojas... Tchau.”
A mulher desliga o celular, voltam a se abraçar na cama, esquecem a vida.
“Esse coração batendo forte é o meu ou o seu?”
“O nosso, o suor também é nosso, mas esses fios de cabelo na sua mão são meus.”
Silêncio.
“Até entrar no meu carro e chegar em casa. Às vezes tenho vontade de me drogar, mas sou muito medrosa para fazer isso.”
“Não ia resolver nada.”
“Quando cheguei em casa ontem ele me perguntou, Você foi ao cabeleireiro para fazer um penteado desses? Inventei uma resposta... Estou andando sobre carvões em brasa... Você não entende, você sai de casa e bate a porta, eu tenho que deixar instruções com empregadas, dar explicações, e na volta tudo se repete, novas determinações, providências, desempenhos, embustes. O lar é um monstro que nunca tem as suas exigências saciadas, está sempre pedidndo mais. À noite tenho de ir a festas e jantares com ele e os nossos amigos, onde me mostro alegre, e sou a que ri mais alto, a que fala com mais entusiasmo, mas quando chego em casa estou com vontade de vomitar e preciso tomar um tranquilizante para poder dormir.”
“Eu te amo.”
“Não precisa fazer essa cara de cachorro sem dono, esquece o que eu disse.”
Ela o beija. Fodem novamente.
“Você puxa os meus cabelos com força. Você é sádico e maluco. Um pouco sádico e muito maluco.”
“É sem querer.”
“Mas eu gosto, se nós tivéssemos um jogo de dominó você jogaria comigo?”
“Acho que sim. Quer ouvir uma música? Aquela que você gosta.”
“Me deixa triste. Não fica olhando para o tecto.”
“Estou deitado de barriga para cima.”
“Também estou deitada de barriga para cima e estou olhando para você. Quer que eu diga o que estou vendo?”
“Não.”
“E você, agora que está olhando para mim e o seu pescoço está doendo, vê o quê?”
“A mulher mais bonita do mundo.”
“Quer que eu chore?”
“Não.”
Ela chora, sem soluçar, mas as lágrimas brilham tanto que ele as vê, mesmo olhando para o tecto.
“Meu marido está desconfiado.”
“A vida é um jogo de soma zero.”
“O que quer isso dizer?”
“Um jogo em que a soma dos ganhos e das perdas dos jogadores é sempre zero.”
“E o que acabamos de ganhar é zero?”
“Só quando formos somar com as perdas, as perdas nunca são zero.”
“Isso é uma coisa horrível, não é? Olha para mim.”
“Estou olhando.”
“Você está com medo. Medo que eu me mude para cá. De que eu me torne um peso para você.”
“Não diga isso.”
“Eu vivo com medo o tempo todo, mas o meu medo não é maior do que o meu amor. Diga, o seu medo é maior do que o seu amor?”
“Não estou com medo.”
“Mas esse seu medo de eu me mudar para cá só acontece às vezes, se acontecer sempre o seu amor vai diminuir. E acaba, é isso?”
“Temos que ser lúcidos.”
“A razão sobre os sentimentos, que coisa mais árida, você não respondeu.”
“Não sei responder.”
“Você não sofre por saber que eu, eu...”
“Você?”
“Durmo toda a noite com outro.”
“Prefiro não falar sobre isso.”
“Você não sabe fazer nada para ganhar dinheiro, e se formos morar debaixo da ponte o nosso amor acaba, só podemos viver dentro de um certo esquema. É isso que você não sabe responder?”
“Já estive internado. Coisas da cabeça, não é contagioso.”
“Você nunca me disse isso.”
“Estou dizendo agora. Já trabalhei numa loja de discos e numa livraria, mas me mandaram embora.”
“Também nunca me disse isso.”
“Estou dizendo agora.”
“Nunca trabalhei, nem escrevi, nem pintei, nem coisa nenhuma, saí da faculdade para casar, não terminei o curso, estudava biologia, uma órfã de pai e mãe estudando biologia, você acredita?”
“O que uma orfã deve estudar?”
“Talvez contabilidade, informática. Mas você sofre ou não? Por eu dormir toda a noite com outro?”
“Fico infeliz.”
“Fica infeliz mas não chora, eu choro sempre.”
“Minha mãe não me ensinou a chorar.”
“Ela já morreu, não morreu? E o que ela dizia? Homem não chora?”
“Ela não chorava.”
“Mas tinha um marido e amava outro homem? Um artista, um intelectual incapaz de ganhar dinheiro com o seu trabalho? Desculpe o intelectual, sei que você não gosta dessa palavra.”
“Às vezes, sinto vontade de chorar, quando você vai embora e eu fico sozinho, mas não consigo.”
“E quando a dor é física? Nem assim?”
“Tomo analgésico. Enxugue o seu rosto com o lençol.”
“Você não acha que temos que fazer alguma coisa? Ou vamos esperar a vida corromper nossos sentimentos?”
“Que coisa?”
“Já pensei em me matar, depois de matar você. Pára de olhar para o tecto. Não estou brincando.”
“Daqui a pouco o meu pescoço vai doer.”
“E eu?”
“O que significo para você?”
“Alegria, deleite, companhia, amor.”
“Mas a arte é mais importante que tudo... E se quando você morrer de velho, tudo o que você fez for esquecido, jogado no lixo? Você não tem coragem nem de cortar a sua orelha.”
“Se você quiser, eu corto.”
“Então corta agora.”
Ele se levanta da cama. Depois de algum tempo, volta com um pano apertado de encontro à face, sangue escorre do seu pescoço, ele estende a outra mão fechada para ela, abre a mão. Dentro está a orelha decepada.
“Um presente para você.”
“Meu deus, você tem que ir para um hospital.”
“Esterilizei a faca antes e limpei o ferimento com um anto-séptico, a hemorragia passa logo.”
“Sua mãe, onde quer que ela esteja, deve estar muito orgulhosa de você.”
“Estou contando com isso.”
“Sabia que ia ter que cortar uma orelha para mim?”
“Comprei uma faca afiada.”
“E eu tenho que fazer o quê, por você?”
“Não sei, mas não é cortar os pulsos.”
“Acho que estamos enlouquecendo.”
“Eu já cheguei no meu ponto. Não passo disso.”
“Posso te contar uma coisa? Meu analista anda preocupado comigo. Ele não sabe, mas acho que ainda não cheguei no meu ponto. Tenho que ir embora. Posso levar a orelha comigo?”
“É sua, chegando em casa, põe num frasco com formol, a farmácia vende.”
“Mas o que eu gostaria mesmo é que você também chorasse.”
“Isso é mais difícil.”
“Nunca deixarei de te amar.”
“Nem eu.”
“Amanhã é sábado.”
“Eu sei, a gente não vai se ver, nem no domingo.”
“Talvez você chore, neste fim-de-semana.”
“Vou tentar:”
“Pinta uns girassóis.”
“Não sei pintar aqueles gisrassóis. Talvez se sofresse de laucoma.”
“Escreve um soneto.”
“Não sei escrever sonetos.”
Ela se veste, percorre o quarto e a sala para ver se não está esquecendo de alguma coisa, bare a porta da rua.
“Soma zero?”
Fecha a porta, sai.

segunda-feira, janeiro 21, 2013

O Verão começa em Fevereiro!



O jovem búlgaro-maravilha Evgeni Bozhanov vem à Casa da Música (dia 3), Mark Eitzel vai ao Lux com novo e maravilhoso disquinho (dia 8), os Sigur Rós regressam ao Coliseu, também com disco novo (dia 13), deus-Reininho e os GNR também regressam ao Coliseu, mas em versão acústica (dia 15), e no dia seguinte há Crystal Castles para dançar no Hard Club, também com disco novo. Em Guimarães, há dez dias seguidos de dança contemporânea (de dia 13 a dia 23), Guidance com programa de salivar. Deus existe.

domingo, janeiro 20, 2013

Girl from the North Country




If you're traveling till the north country fair
Where the winds hit heavy on the borderline
Remember me to one who lives there
For she once was the true love of mine

See for me if her hair's hanging down
It curls and flows all down her breast
See for me that her hair's hanging down
That's the way I remember her best

If you go when the snowflakes fall
When the rivers freeze and summer ends
Please see for me if she's wearing a coat so warm
To keep her from the howlin' winds

If you're traveling in the north country fair
Where the winds hit heavy on the borderline
Please say hello to the one who lives there
For she once was a true love of mine

True love of mine, a true love of mine
True love of mine, a true love of mine
A true love of mine, a true love of mine
She was once a true love of mine

sexta-feira, janeiro 18, 2013

quinta-feira, janeiro 17, 2013

quarta-feira, janeiro 16, 2013

terça-feira, janeiro 15, 2013

Aduela


Oficialmente o nosso bar preferido no Porto.

segunda-feira, janeiro 14, 2013

domingo, janeiro 13, 2013

sábado, janeiro 12, 2013

sexta-feira, janeiro 11, 2013

quinta-feira, janeiro 10, 2013

quarta-feira, janeiro 09, 2013

Apophis


Poderia ser o asteróide que traria o fim do mundo. Mas ainda não é desta. Catorze milhões de quilómetros de distância da Terra é demasiada distância. Talvez em 2029, com um voo a 22 mil quilómetros. Ou em 2036...

Íntima Fracção


Com a devida vénia ao Francisco Amaral, que inventou esta coisa maravilhosa chamada Íntima Fracção e que, felizmente para nós, resiste e persiste.

Link directo para o ficheiro de mp3http://downloads.expresso.pt/expressoonline/Audio/IntimaFraccao/arquivo/IF030113.mp3
Conteúdo
http://expresso.sapo.pt/os-murmurios-de-um-outro-ano=f777223

terça-feira, janeiro 08, 2013

segunda-feira, janeiro 07, 2013

Lisboa Song


"(...) ela abriu os olhos, espantada, disse-me, afinal não sei nada de ti, é como no princípio, percorremos juntos o mesmo caminho e, no fim, sabemos tanto como antes, os caminhos não são os mesmos, disse-lhe, apenas durante algum tempo correm lado a lado, e isso é o melhor que o engenho humano consegue construir, duas linhas sinuosas em prodigioso equilíbrio, conservando entre si a mesma distância relativa pelo mais longo período de tempo possível, mas o que existia antes como que se apaga, dissolve-se na obsessiva procura do presente, agora amo-te, e é um único instante, e esse instante é também a mágoa de te perder no instante seguinte, e a angústia de poder não te ter encontrado no instante anterior.

Ela avançou para mim, com as mãos atrás das costas, repetiu o meu nome, uma, duas, muitas vezes, e parecia ouvir dentro de si o eco que o dizia. Depois, perguntou-me, apenas um instante ?, eu fiz que sim, e beijámo-nos, mas nessa altura já sabíamos que estávamos condenados ao terror do instante a seguir."

António Mega Ferreira

domingo, janeiro 06, 2013

sábado, janeiro 05, 2013

sexta-feira, janeiro 04, 2013

Lydia Davis: Contos completos


"Sentimos uma afinidade com certo pensador porque concordamos com ele; ou porque nos mostra o que já pensávamos; ou porque ele nos mostra de modo mais articulado o que já pensávamos; ou porque nos mostra o que estávamos perto de pensar; ou o que mais cedo ou mais tarde pensaríamos; ou o que teríamos pensado muito mais tarde se o não tivéssemos lido agora; ou o que seria verosímil que pensássemos, mas nunca teríamos pensado se o não tivéssemos lido agora; ou o que teríamos gostado de pensar, mas nunca teríamos pensado se o não tivéssemos lido agora. "

quinta-feira, janeiro 03, 2013

quarta-feira, janeiro 02, 2013

terça-feira, janeiro 01, 2013

Iron tie


Tenho o coração morto, sepultado em mim, sirvo-lhe de caixão.
Quando não estou contigo, estou numa prisão.