segunda-feira, maio 31, 2010
We love Clint Eastwood
sexta-feira, maio 28, 2010
Radio Muezzin by Stefan Kaegi
quinta-feira, maio 27, 2010
quarta-feira, maio 26, 2010
Alberto Pimenta: Discurso sobre o filho-da-puta
A Editora 7 Nós e a Gato Vadio convidam-no para o que der e vier.
Íntima Fracção
Suspenso de um sonho, desde sempre, do mesmo, saí acreditando no amanhecer,
Suspenso de um sonho.
segunda-feira, maio 24, 2010
"Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos" by Vera Mantero
Para a abertura do Alkantara Festival no Porto, na passada sexta-feira, foi escolhido o espectáculo de Vera Mantero, "Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos" [de 7 a 9 de Junho, em Lisboa], estreado em Essen e Montpellier durante o ano passado. O trabalho da coreógrafa & Guests é definido como "um jogo de associações, por vezes explícito, outras críptico, lúdico ou desconfortável, tangível ou volátil", que "despoleta várias questões, mas quase nenhuma resposta."
A definição, generosa, é muito mais ambiciosa do que o espectáculo. Mais ambiciosa do que o resultado, seguramente. Aos primeiros minutos percebemos a ideia, de resto, de encontro ao título: cada um dos quatro bailarinos (Vera Mantero, Prémio Gulbenkian Arte 2009, Christophe Ives, Marcela Levi e Miguel Pereira) entra em palco com um busto debaixo do braço ou noutro sítio qualquer, vasculhando no seu interior o que eventualmente terá deixado para trás ou colocado na beira do prato: a infância (em carrinhos e aviões de brincar), a fé (em crucifixos), as dependências (pó branco: cocaína?); a riqueza (tinta dourada: ouro?; tinta preta: petróleo?); as futilidades (recortes de revistas cor-de-rosa). Também há pérolas, rebuçados, máscaras, bandeiras, bonecas insufláveis, cera, fumo, tudo dentro de cada uma das cabeças. Está lançado o mote e exibida a sucessão de caminhos interrompidos para retomar, ou não, mais tarde. A ideia de partida é excelente.
No entanto, a partir daqui, é tudo redundante, demasiado redundante. Como se o trabalho narrativo tivesse ficado incompleto. Além disso, falta-lhe provocação, ingrediente essencial quando a ideia é falar da tralha toda que alojamos no cérebro. No fim, alguém lê um manual sobre como usar a cabeça. É o cúmulo do pleonasmo, porque nos trata a nós, público, como tontos. A mais dispensável das legendas para um espectáculo que é, com pena, óbvio demais.
domingo, maio 23, 2010
Sócrates, o bobo da corte
Ainda a professora Bruna...
Imprensa a criar excêntricos todos os fins-de-semana
segunda-feira, maio 17, 2010
domingo, maio 16, 2010
"32, rue Vandenbranden" by Peeping Tom
Estão no cimo da montanha como se estivessem no céu, no lugar que existirá para lá do céu. Ouve-se "O pássaro de fogo", de Stravinsky, e o choro de um bebé enterrado no chão. E uma ventania a fazer tremer as janelas, a fazer dançar as cortinas, capaz de fazer voar corpos. A fragilidade de tudo quanto existe, ali materializada em duas caravanas. Chove. Neva. 32, rue Vandenbranden, do colectivo belga Peeping Tom, é uma tempestade sem arco-íris. Uma tempestade interior. Tudo o que acontece, acontece mais dentro da cabeça deles (da nossa?) do que fora. Ou, pelo menos, nós não conseguimos decifrar o que é real ou imaginário. Ou conseguimos, mas não queremos. E essa é a ideia da dupla de coreógrafos fundadores da companhia, Gabriela Carrizo e Franck Chartier: em certo sentido, o fim é sempre escolhido por nós. Por isso é que qualquer palavra é a mais e ao mesmo tempo a menos para descrever o mais recente trabalho dos Peeping Tom. A companhia está pela segunda vez em Portugal; o trabalho foi ontem apresentado no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. 32, rue Vandenbranden está muito para lá do que será o céu.
Inspirado no filme do japonês Shohei Imamura, A Balada de Narayama (1983), 32, rue Vandenbranden não é bem a história das pessoas que, quando envelhecem, cumprindo a mais cruel das tradições, vão para o topo da montanha morrer sozinhas. Mas é a história de uma comunidade que, como se já tivesse nascido velha, com a solidão dos velhos, as inquietações dos velhos, a prisão dos velhos, o desprezo a que os velhos são votados, confronta-se individualmente com os seus medos, com os seus desejos, os seus sonhos - e com a consequência disso. Em certo sentido, também é a escolha entre viver ou morrer.
Carrizo e Chartier dizem que a coreografia começa sempre pela cenografia. E é fácil perceber porquê. Depois, os bailarinos. Para este projecto, contrataram cinco novos, três dos quais durante as audições em Bruxelas: a belíssima holandesa Sabine Molenaar (não tentem fazer aquilo em casa!!!!), a belga Marie Gyselbrecht e o inglês Jos Baker. Durante a audição no Impulstanz Festival, em Viena, conheceram os sul-coreanos Seoljin Kim e Hun-Mok Jung. A meio-soprano flamenga, Eurudike De Beul, que faz parte dos Peeping Tom desde o início, também participa. O momento em que canta Casta Diva de Bellini é só um dos muitos momentos daqueles 90 minutos em que um arrepio nos atravessa a espinha.
Finalmente, a actriz-bailarina Maria Otal, 83 anos, que morreu dez dias antes da estreia. Os Peeping Tom dedicam-lhe o espectáculo. E um altar na neve. Ela está ali. Sim, é coisa para doer, para chorar. E é coisa para nunca mais se esquecer na vida. Grande, grande, grande!
PS.: E é sempre bom voltar a Guimarães, belíssima cidade onde é Natal todo o ano. Mesmo.
sábado, maio 15, 2010
Swanlights by Antony and the Johnsons
Imprensa a criar excêntricos todos os fins-de-semana
Papa Bento XVI, ontem, nos Aliados, no Porto
“No final da visita de Bento XVI, não há como negá-lo: a fé católica está viva e bem viva na população portuguesa. Pode não se querer ver, atribuir ao media, ridicularizar, rebaixar, lastimar, mas não se pode negar que o que se passou aqui, durante os quatro dias de visita papal, foi um impressionante testemunho de fé. Não apenas por parte do velhos, dos pobres, dos desesperados: a presença do papa desencadeou o que muitos mais escondem ou guardam para si: “Não tenhais medo de falar de Deus e de ostentar sem vergonha os sinais de fé”, pediu o papa. Creio que foi ouvido.”
Esther Mucnik, Público
“O que é extraordinário é a facilidade com que os dois principais líderes partidários portugueses mudam de discurso e defendem medidas opostas de um dia para o outro sem pestanejar, nem explicar sequer. Adoptando uma espécie de Bloco Central, não oficial mas apenas oficioso, os líderes do PS e do PSD, José Sócrates e Pedro Passos Coelho, acertaram entre si a forma como o Governo chefiado pelo primeiro concretizará as imposições europeias sobre como baixar o défice em Portugal. E com o maior à vontade deitaram para o balde do lixo aquilo que até à semana passada afirmavam como convicções políticas profundas."
São José Almeida, Público
“É possível fazer toda uma antologia de epítetos, bem datados, sobre a ferocidade e a irresponsabilidade das reacções a quem prevenia do caminho suicidário para que o Governo caminhava e que acabou num país que não tem outro remédio senão fazer o que lhe pedem, sem cuidar de outra coisa que não sejam os resultados a muito curto prazo. O que ainda restava da nossa soberania foi-se porque os vícios nos fragilizaram tanto que tiveram de nos pôr na ordem. E, por muito que se queira meter mais gente no mesmo saco, José Sócrates foi o primeiro responsável por nos entregar a outrem, o nosso destino de servidão.”
Pacheco Pereira, Público
“Para efeitos práticos, José Sócrates não existe. Ainda não lhe disseram que já deixou de governar. Está em S. Bento como estaria uma planta, à espera do momento próprio de ser removido. É uma espécie de delegado regional da Europa ou, se preferirem, um moço de recados, com um emprego temporário e, ainda por cima, vexatório.”
Vasco Pulido Valente, Público
“Não temos eleições de imediato porque Passos Coelho é calculista e inteligente a programar: José Sócrates que se queime na fogueira económica que andou a atear; que se desgaste na recuperação do país; que perca com ou sem Alegre contra cavaco; que enfrente o inevitável descontentamento interno no PS, no qual algumas vozes não tardarão a ouvir-se. Só o estado de coma da economia portuguesa pode fazer com que esta legislatura chegue ao fim. Mas, visto á luz do que se percebe hoje, só mesmo um milagre poderá evitar que José Sócrates não saia de cena mal os eleitores sejam de novo chamados a pronunciar-se."
sexta-feira, maio 14, 2010
Santa hipocrisia!...
Em Lisboa, Bruna Real não passaria de mais uma Carla Matadinho, seria talvez agenciada por uma Fátima Lopes e recrutada para uma qualquer palermice televisiva. No interior do país, em Mirandela, é uma puta. E o mesmo portugalito que pagaria para beijar o chão por onde uma passa, encarregar-se-á rapidamente de condenar a outra.
Bruna Real, professora do primeiro ciclo do ensino básico em Trás-os-Montes, ocupa oito páginas na Playboy deste mês. É a protagonista de uma produção ousada, a que a revista chamou "Le Salon", aparentemente inspirada nos salões de cabeleireiro dos anos 70, contracenando nua com outra mulher. A população, claro, comentou. Os alunos trocaram fotos como cromos. A escola não gostou e ameaça dispensar a docente.
Os vizinhos da professora descrevem-na “como uma mulher bonita”, que “gosta de dar nas vistas”, que “não sai de casa com qualquer trapinho”, nem mesmo quando “está só a cortar a relva do jardim de casa dos pais”, onde vive. Garantem que “ela não dá muita confiança a ninguém”, mas parecem saber o suficiente da vida dela: ainda não fez 25 anos; em 2006 participou no reality show da TVI “Pedro, o milionário”, que consistia em seduzir um milionário para depois casar com ele; e, no ano passado, terá feito um implante mamário. Queixa-se, dizem, de que todos os homens a acham bonita, mas que nenhum aceita uma relação séria. Ela quererá ser famosa. Ou, pelo menos, conhecida. É o que dizem.
Por causa dela, há três semanas, a Playboy esgotou em Mirandela, tanto em Golfeiras, freguesia onde vive, como em Torre de Dona Chama, freguesia onde é responsável pelas Actividades Extra-Curriculares (AEC) da escola. A avó, diz o povo, terá sofrido um grande desgosto. As “pessoas mais velhas disseram mal”. Os alunos fotografaram a revista com o telemóvel e durante dois ou três dias entretiveram-se a trocar imagens. Também houve quem tivesse visto a produção em fotocópias. “Depois, o assunto morreu”, desvalorizou um homem que frequenta o café mais próximo da escola.
Qualquer revista mensal vai para as bancas nos últimos dias do mês anterior. A Playboy de Maio estará, portanto, à venda há quase três semanas. Não aconteceu nada. E nada aconteceria se a escola não fosse questionada por jornalistas. Assim, confrontada, sentiu necessidade de se ofender. E de sublinhar que já tratou de assegurar o despedimento da mulher, porque a sua conduta "é nociva para a comunidade escolar". E atrás do director da escola virão seguramente os pais, os mesmos que provavelmente pousam os filhos durante um dia inteiro em frente à televisão e ao computador. A santa hipocrisia grassa neste país.
quarta-feira, maio 12, 2010
La belle persone
Obrigatório. Para quem se apaixonou em "Dans Paris". Para quem se deixou arrebatar em "Les chansons d'amour". Para quem quase enlouqueceu em "La frontière de Laube" (que não é de Christophe Honoré, mas podia muito bem ser, e mantém o plus de Louis Garrel), eis "La belle personne", adaptação livre do romance La Princesse de Clèves, de Madame de La Fayette, escrito no século XVII. Para nos apaixonarmos e arrebatarmos e enlouquecermos, tudo ao mesmo tempo. Claro que a crítica, sem surpresa, escreveu, quando o filme estreou, tratar-se de uma receita blasé, coisa aborrecida que serve apenas para exercitar a obsessão de Honoré: a durabilidade do amor. Seja. É lindo!
terça-feira, maio 11, 2010
O início de fim da Esquerda na Europa....
Gordon Brown tiene todas las cualidades de un gran político: intelecto, pasión, ideales, determinación, una capacidad de trabajo fuera de lo común... Pero nunca le ha acompañado el carácter. No por sus aireados malos humores, sino por una falta de confianza en sí mismo que le hace dudar de todo y de todos, y que le ha llevado a convertir en una obsesión personal sus aspiraciones de ser primer ministro. Lo consiguió a última hora, pero no como él hubiera querido: llegó a Downing Street cuando los laboristas sufrían ya el desgaste del poder y pasará a la historia por ser uno de los pocos primeros ministros británicos que nunca ganó unas elecciones.
Con Tony Blair formó una pareja imparable que creó el Nuevo Laborismo y convirtió al partido en una máquina de ganar elecciones. Pero nunca se conformó con el papel de comparsa y el matrimonio duró poco, aunque el divorcio formal tardaría en llegar. Durante 10 años, Brown se dedicó a poner palos en las ruedas de su rival, y este le respondió socavando su imagen y dando a conocer, siempre por debajo de la mesa, las debilidades de su carácter.
Esas debilidades, que le llevan a ser incapaz de tomar decisiones sobre la marcha y acentúan sus manías de controlador, acabarían por cavar su tumba a los pocos meses de conseguir su anhelado deseo de ser primer ministro. Llegó al número 10 de Downing Street en junio de 2007 y empezó a vivir una inaudita luna de miel con la opinión pública y, aún más sorprendente, con los medios. Su gestión durante los intentos de atentado en Londres y en Glasgow, las inundaciones del suroeste de Inglaterra y una epidemia de fiebre aftosa disparó sus niveles de popularidad y las expectativas de voto de los laboristas.
La posibilidad de anticipar las elecciones y asegurar su propio mandato de cinco años le nubló la vista política. Y sus eternas dudas ante las grandes decisiones, las mismas que durante 10 años le habían impedido darle a Blair el golpe de gracia, le empujaron a última hora a dar marcha atrás en cuanto los tories presentaron una oferta fiscal que hizo cambiar la tendencia de los sondeos.
Los laboristas empezaron entonces un constante declive en los sondeos y Brown se hundió aún más que el partido. Ya nunca se recuperaría. Vivió una frágil oleada de optimismo por su actuación decidida —sí, decidida por una vez— durante la crisis financiera. Pero ya había traspasado el punto de no retorno.
Gordon Brown no será recordado por su gestión al frente del Gobierno, pero quizás sí por su gestión al frente del Tesoro. Pero incluso ese legado es puesto ahora en cuestión, a medida que se le hace a él responsable de algunas decisiones que a la larga han agravado el impacto en Reino Unido de la crisis financiera.
En 1997, nada más llegar los laboristas al poder, Brown tomó dos decisiones clave: impidió la entrada de la libra en el euro y consagró la independencia del Banco de Inglaterra. Muchos críticos creen que Brown se opuso a entrar en el euro para fastidiar a Blair, que sí era partidario de la integración. Pero estos días, a la vista de la crisis de la divisa europea, hasta los europeístas británicos empiezan a creer que fue un acierto mantener la independencia monetaria.
Más discutida ha sido su decisión de transferir los poderes de control del Banco de Inglaterra a la FSA, la autoridad reguladora de la City. Los conservadores creen que está en el origen de los problemas que han sufrido los bancos durante la crisis. La propia crisis genera debate sobre la responsabilidad que ha podido tener Brown. Muchos le echan en cara la laxitud del marco regulador, pero él se defiende con el argumento de que ha abogado por endurecer esa regulación desde 1997, pero que eso sólo se podía hacer a nivel global y que nadie le hizo caso en su momento.
Sea cual sea su parte de responsabilidad, sólo los más cicateros le han negado un papel clave en la gestión del cataclismo financiero global. Primero, nacionalizando el primer banco británico afectado, Northern Rock. Y, segundo, inyectando capital público en la banca, una solución luego imitada por muchos otros países.
Brown presumió durante años del alto crecimiento sin inflación de la economía británica, pero ahora ha de correr con la responsabilidad de dejar al país al borde de la bancarrota con una deuda gigantesca. Gran parte de esa deuda se debe a la inyección de capital en servicios públicos, pero se le reprocha haber torpedeado las reformas que quería implementar Blair para mejorar su eficacia. Siempre, la sombra de Blair.
segunda-feira, maio 10, 2010
Shut down or save my life tonight
Take me in your hands and please me
To find out we have nothing to say
Don’t know the meaning, the shade of blue of a sad song
How to go back to be running again
Like angels in a crossfire
Waiting for a new play
Like candy in a love fight
Melting on a sweet day
Shut down or save my life tonight
On the line in love with the Lion’s den
Sugar heat of a pearly white snow girl
I need ice, no more honey to drain
Oh, take me as you blow
Oh, ice into the snow
[Finalmente, SNOW GIRL by BLIND ZERO]
domingo, maio 09, 2010
O que pode correr mal se um dia ficares feliz?
sábado, maio 08, 2010
A melhor banda do mundo*
sexta-feira, maio 07, 2010
Primeiro aniversário do I
Filipa Melo: Este é o meu corpo
Poderá um médico legista apaixonar-se pelo dono de um corpo que lentamente vai desmontando para lhe amputar os segredos? Pela pele que descola como se fosse um coelho, pelos órgãos que corta às rodelas como laranjas, pelos negros e longos fios de cabelo que vai minuciosamente colocando no interior de um saco?