sábado, maio 08, 2010

A melhor banda do mundo*



"Os fãs dos National são parecidos com os National: gente da classe média, média alta, angustiada com as suas banalidades, fechada sobre a sua cabeça, gente tímida capaz de irrupções psicóticas ou de manifestações de exibicionismo ou decadência a milhas do seu comportamento normal. Frígidos emocionais capazes de um grande coração. Não há como não gostar deles.

(...) Todos os discos dos National são uma variação ad infinitum sobre aquilo a que poderíamos chamar os indiferenciados: gente que se destaca pela sua absoluta falta de destaque, gente que não hesita em hesitar, que caminha passo firme para o tropeção, gente desconfortável com a sua temperatura, que não suporta o pouco peso que tem na vida dos outros.

(...) O discurso dos National é o da dúvida incessante, da culpa e do horror à culpa, do questionamento constante da ideia de identidade, do desdobramento constante das encruzilhadas que se apresentam ao ser humano. Eles não fazem as meninas tirar as cuecas e os meninos tomar drogas. Eles fazem as mulheres divorciar-se e os homens irem à farmácia buscar medicamentos. Pela simples razão de nunca ninguém no rock ter pensado tanto e de forma tão apelativa como Matt Berninger.

Os National são assunto de gente grande. É a diferença entre um tipo sentir-se um super-homem porque toma a droga X, ou aguentar as angústias e calar porque tem crianças para tratar. E isso sim, é perigoso, e agora sim, há perigo numa guitarra eléctrica."

[Título e excerto das seis páginas escritas por João Bonifácio, genial como sempre, ontem, no Ípsilon.]

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