Quatro dias são muitos dias para um festival, sobretudo quando os concertos que queríamos mesmo-mesmo ver caberiam todos só num. O cartaz ressente-se; nós também. Há festivais a que vamos para ser atropelados, para nos descobrirmos apaixonados por qualquer coisa que até aí nem sabíamos que existia e que depois fica a ressoar dentro de nós durante semanas ou meses ou para sempre. E festivais a que vamos para andar em segurança, na passadeira, sem risco. O Alive é assim, é urbano, é um ir ali e volto já, tem portos que são seguros, mas não esmagam. Na maioria dos dias, poderíamos ter chegado a casa como a cinderela, antes da meia-noite. E ontem foi o dia. Não foi um desapontamento, foi o caminho que escolhemos. Os Wu Lyf ficaram aquém. Mas valeu a pena ter esperado quatro dias só para ouvir Yannis Philippakis, vocalista dos Foals, cantar repetidamente, em crescendo e até à explosão aquele "I'm the fury in your head" em Spanish Sahara, que passámos dias inteiros a ouvir em repeat e a imaginar como seria ao vivo. Ao vivo é brutal. Mas o concerto do ano não passou pelo Alive.
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