Mas depois começou outro ano, vieram os discos novos, as primeiras bandas, as emergentes, as confirmadas, um frémito, uma contagem decrescente, e não foi preciso chegar a Abril para sabermos que rapidamente daríamos o dito por não dito. No Optimus Alive, onde no Verão passado comungámos do memorabilíssimo concerto dos XX de telemóvel na mão, insistindo em partilhá-lo com quem lá não estava e devia, 40 minutos que pareceram 40 segundos; onde participámos na brutal apoteose dos Pearl Jam, milhares de voz no ar a explodir em Betterman, a espinha a arrepiar-se, Eddie Vedder a despedir-se com o país ajoelhado aos pés e a bandeira de Portugal às costas, nesse mesmo Optimus Alive são esperados este ano 170 mil sujeitos. E ainda dizem que há crise, dirão tantos a fazer contas: 170 mil vezes 50 euros por dia somam 8,5 milhões de euros. Será muito, mas muito longe da soma que salvaria o país. Salva o bocadinho de nós que também é Portugal - nós que também temos direito a um F, que não é fado nem futebol nem Fátima. Para irmos directos ao assunto, é mesmo uma questão de primeiros socorros. Gostar muito de concertos é um privilégio tão grande como gostar muito de ler: a literatura salva-nos o ano inteiro; a música, ao ar e ao vivo, salva-nos no Verão. Funciona como soro recebido intravenosamente, abrindo potencialmente caminho para um resto de ano mais feliz. Há quem adore odiar festivais de Verão; nós adoramos adorá-los. Soou o tiro de partida. E como dizia Vedder, neste mesmo recinto, "Aproveitem bem a noite, não sabemos quem estará cá amanhã."
quarta-feira, julho 06, 2011
O quarto F: Sei o que fizeste no Verão passado
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