Há uma coisa incrivelmente maravilhosa que quero preservar. O pai costumava sempre ir deitar-me, contava-me as histórias mais maravilhosas do mundo, líamos juntos o The New York Times e às vezes ele assobiava "I am the Walrus", porque era a sua canção favorita, embora não soubesse explicar o que significava, o que me deixava frustrado. Uma coisa fantástica era ele conseguir encontrar um erro em cada artigo que líamos. Às vezes eram erros de gramática, outras eram erros de geografia ou relativos a factos e outras, ainda, o artigo não contava a história toda. Adorava ter um pai que era mais esperto que o The New York Times e adorava sentir na cara os pêlos do peito dele através da t-shirt e o perfume agradável da loção para depois da barba a que ele cheirava sempre, mesmo ao fim do dia. Estar com ele acalmava-me o cérebro. Não precisava de inventar nada."
(Por razões várias, decidimos nunca ler nenhum livro nem ver nenhum filme sobre o 11 de Setembro. Abrimos uma vez uma excepção para um documentário e agora outra excepção para este livro. Porque já tínhamos tropeçado nele tantas vezes que não podíamos continuar a evitá-lo. É evidente que tinha de haver uma boa razão.)
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