Ricardo Pais, em entrevista ao Público, hoje, à boleia da mudança de estatuto do Teatro Nacional S. João, no Porto, que deixa de ser Instituto Público e passa a ser uma Entidade Pública Empresarial, na qual ocupará a presidência do Conselho de Administração:
"É difícil dar o salto quando estamos nesta ilha, sentados no meio do lumpen, com a vizinhança que temos por aí à volta, e estando a Baixa votada ao que está. A cereja em cima do bolo foi agora a privatização do Rivoli. A requalificação da Baixa a partir da cultura, que começou em 1998 e continuou em 2001, culmina agora. O contrato de concessão do Rivoli a um privado é um gigantesco subsídio a fundo perdido. Finalmente, a subsidiodependência!"
"As pessoas não vêm à Baixa senão para vir ao S. João ou aos Maus Hábitos. A Baixa é um deserto. Acreditou-se que o percurso S. João-Coliseu-Maus Hábitos-Passos Manuel-Rivoli-TeCA pudesse vir a regenerá-la, mas isto tem vindo a ser sistematicamente destruído desde 2001. Nós estamos cada vez mais sozinhos."
"A alta finança mudou-se toda para o eixo Avenida da Boavista-Marechal Gomes da Costa - também é por lá que mora. A Baixa deixou de interessar completamente: foi um emblema divertido para se fazer saneamento básico em 2001. A cortina de fumo sobre o investimento privado lançada na Fundação de Serralves e aproveitada para a CdM abriu portas a esta espécie de inevitabilidade contabilística que o dr. Rio impôs à cidade, ao entregar o Rivoli aos privados. Continuamos a negociar com os privados como se os privados pagassem alguma coisa: Serralves e a CdM são maciçamente pagos pelo Estado e a comparticipação dos privados, que é com certeza muito bem vinda, especialmente agora que podem fazer um brilharete com as arquitecturas, é muito relativa. Mas, à boa tradição burguesa do Porto, deu-se aos empresários e aos financeiros um protagonismo absoluto na discussão do estatuto e do equilíbrio de forças dentro da CdM. E o dr. Rui Rio riu-se, porque também é sócio sem pagar grande coisa."
"Cá somos muito mais respeitados como gente de poder do que como criadores, com toda a franqueza. Somos respeitados por termos conseguido fazer, de uma coisa que poderia ser um elefante branco, um agilíssimo produtor de teatro e um belíssimo interlocutor do tecido teatral português. Mas não somos tão queridos como criadores, nem convém muito que o sejamos, porque é muito poder dado à mesma gente. Duas casas, um orçamento, a capacidade de fazer e, ainda por cima, belíssimos artistas - não pode ser".
"Os meus mandatos por tendência esticam-se indefinidamente".
"É difícil dar o salto quando estamos nesta ilha, sentados no meio do lumpen, com a vizinhança que temos por aí à volta, e estando a Baixa votada ao que está. A cereja em cima do bolo foi agora a privatização do Rivoli. A requalificação da Baixa a partir da cultura, que começou em 1998 e continuou em 2001, culmina agora. O contrato de concessão do Rivoli a um privado é um gigantesco subsídio a fundo perdido. Finalmente, a subsidiodependência!"
"As pessoas não vêm à Baixa senão para vir ao S. João ou aos Maus Hábitos. A Baixa é um deserto. Acreditou-se que o percurso S. João-Coliseu-Maus Hábitos-Passos Manuel-Rivoli-TeCA pudesse vir a regenerá-la, mas isto tem vindo a ser sistematicamente destruído desde 2001. Nós estamos cada vez mais sozinhos."
"A alta finança mudou-se toda para o eixo Avenida da Boavista-Marechal Gomes da Costa - também é por lá que mora. A Baixa deixou de interessar completamente: foi um emblema divertido para se fazer saneamento básico em 2001. A cortina de fumo sobre o investimento privado lançada na Fundação de Serralves e aproveitada para a CdM abriu portas a esta espécie de inevitabilidade contabilística que o dr. Rio impôs à cidade, ao entregar o Rivoli aos privados. Continuamos a negociar com os privados como se os privados pagassem alguma coisa: Serralves e a CdM são maciçamente pagos pelo Estado e a comparticipação dos privados, que é com certeza muito bem vinda, especialmente agora que podem fazer um brilharete com as arquitecturas, é muito relativa. Mas, à boa tradição burguesa do Porto, deu-se aos empresários e aos financeiros um protagonismo absoluto na discussão do estatuto e do equilíbrio de forças dentro da CdM. E o dr. Rui Rio riu-se, porque também é sócio sem pagar grande coisa."
"Cá somos muito mais respeitados como gente de poder do que como criadores, com toda a franqueza. Somos respeitados por termos conseguido fazer, de uma coisa que poderia ser um elefante branco, um agilíssimo produtor de teatro e um belíssimo interlocutor do tecido teatral português. Mas não somos tão queridos como criadores, nem convém muito que o sejamos, porque é muito poder dado à mesma gente. Duas casas, um orçamento, a capacidade de fazer e, ainda por cima, belíssimos artistas - não pode ser".
"Os meus mandatos por tendência esticam-se indefinidamente".
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