[Foto: JMG]
Impulsionado por Mendes Bota, poeta e organizador, por igual avaliável, Pedro Passos Coelho, numa auto-imolação comovente, animou, este ano, o jantar. Houve faltosos, o mais exemplar dos quais o prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que escapou, esbaforido, sob o subterfúgio intelectual de ter de esclarecer, na TVI, os sombrios mistérios da política. As televisões, atentas e zelosas, fixaram um friso de proeminentes cidadãos, quase todos reformados de luxo, que mais pareciam figuras de um retábulo de alucinados do que responsáveis pelo que nos tem acontecido nas últimas décadas.
Passos Coelho, como lhe competia, falou e disse. Vai sendo hábito afirmar desatinos que deixam os sociais-democratas embevecidos e os socialistas irritados. Segundo o nunca assaz louvado Vitalino Canas, agora com um corte de cabelo à ucraniana, o presidente do PSD quer provocar uma crise política, "de resultados imprevisíveis." Espinoteante tolice. Desta vez, Passos, que gosta de dizer coisas, quis, apenas, chatear o PS e espevitar os seus correligionários. Na SIC, Ricardo Costa, assumptivo e sem pitada de humor, como vai sendo costume, desmontou o discurso do Pontal, cheio de austeridade, veemência e sisudez. Parecia estar a decompor um grave texto de Kant. Com perdão da palavra, não se percebeu nada do comentário do Costa. Tomou a sério o que não passava de puro divertimento.
Nada que faça mal à saúde. A não ser, repito, a visão macabra daquele friso de gente confusa e aleatória, que ali se encontrava para varar uma quente noite de estio. Não se sabe o que Passos Coelho foi fazer ao Pontal. Expor o dandismo de que faz tanto júbilo ou a pesarosa monotonia que o acompanha?
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