quinta-feira, abril 28, 2011

A morte do palhaço


De uma galeria de personagens gastas pela “existência, pela ambição e pela febre” emerge a figura de um Palhaço, que exprime melhor do que ninguém o “lado grotesco da desgraça e a amargura do riso”. À parte o desespero, poderíamos dizer deste Palhaço criado por Raul Brandão (1867-1930) que tem dentro de si todos os sonhos do mundo, “como se um bicho de esgoto criasse asas e se pusesse a voar”. Quando passaram 20 anos, "O Bando" relê um texto onde já foi feliz e revisita a música composta por José Mário Branco, mas a este gesto dificilmente poderíamos chamar reposição, porque no teatro aquilo que foi não voltará a ser. E porque no caso concreto destes incansáveis alquimistas, a inscrição de um espectáculo numa nova paisagem cénica e dramatúrgica implica necessariamente outras formas de organização e percepção. A Morte do Palhaço que co-produzimos e apresentamos no claustro do Mosteiro de São Bento da Vitória é uma visão em tudo diferente daquela estreada em Lisboa no ano de 1991, na sala do Teatro Maria Matos. Quando passaram 20 anos, João Brites regressa inquieto aos mesmos pontos de interrogação: “Quais são os nossos sonhos e quimeras? E que força precisamos para os atingir? E quem são os nossos pares nesta luta?”

uma criação Teatro o bando; texto Raul Brandão: dramaturgia e encenação João Brites libreto Nuno Júdice composição musical José Mário Branco espaço cénico Nuno Carinhas direcção musical Jorge Salgueiro corporalidade Jo Stone figurinos e adereços Clara Bento interpretação Ana Brandão, Guilherme Noronha, Paulo Castro (actores), Diogo Oliveira, Inês Madeira, João Sebastião, Sara Belo, entre outros (cantores), Sandra Rosado (bailarina) co-produção Teatro o bando, TNSJ
Mosteiro São Bento da Vitória, PortoAté 15 de Maio

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