Depois de resistir dois anos, o governo irlandês cedeu à pressão no final de 2010 e entregou ao Fundo Monetário Internacional um pedido de ajuda. Montante inicial do pedido: 85 mil milhões de euros. O Fundo entrou com 22,5 mil milhões, a União Europeia reservou 45 mil milhões e as reservas internacionais da Irlanda completaram o pacote, com 17,5 mil milhões. Em troca, um plano de austeridade ainda mais rigoroso que os anteriores - postos em prática pelo governo, sem sucesso, na tentativa de tirar o país da recessão em que mergulhou em 2008. No ano passado, o défice atingiu uns espectaculares 32% do PIB. Recorde-se que em Outubro o FMI tinha dito que a situação da Irlanda era "diferente" da da Grécia. Pois...
O objectivo do plano de austeridade mais duro de sempre, que a Irlanda entregou juntamente com o pedido de ajuda, é diminuir o défice 15 mil milhões de euros até 2014 - ou seja, 9% do produto interno bruto (PIB). Só este ano, a redução terá de ser de 6 mil milhões, se o país cumprir aquilo a que se comprometeu em troca do banho de liquidez dado pela ajuda internacional.
A austeridade foi mais longe do que qualquer irlandês teria suspeitado: o salário mínimo foi reduzido 12% e as pensões, o subsídio de desemprego e o abono de família sofreram um corte de 4%. Houve reduções de 5% nos salários até 30 mil euros por ano e de 8% acima de 125 mil euros. Diminuíram ou foram eliminadas deduções fiscais. Aumentaram os impostos sobre os combustíveis, o tabaco e o álcool. Aos lucros das maiores empresas foi aplicada uma taxa extraordinária de 10% e foram estabelecidas taxas especiais sobre as propriedades.
O banco central reviu para menos de metade a previsão de crescimento económico para 2011: de 2,4% para 1%. O desemprego atingiu o nível histórico de 13,4%, o triplo do de 2008. Os juros da dívida pública irlandesa, um dos motivos que levaram o país a solicitar o resgate, mantêm-se elevadíssimos, indiferentes à ajuda externa. Os de longo prazo estão nos 10%
[Hoje, no i]
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