Se a ascensão da extrema-direita nas legislativas da Finlândia desestabilizou o sistema nervoso da Europa e sobretudo de Portugal, o resultado não sossega ninguém: Kokoomus ganhou, mas por quase nada. Nenhuma coligação parece facilitar o resgate português.
Timo Soini, o eurocéptico dos Verdadeiros Finlandeses, era o principal inimigo de Portugal. Afirmou durante a campanha inteira que não aprovaria o resgate financeiro português, porque é completamente avesso ao financiamento das economias endividadas. Em caso de vitória, os portugueses bem poderiam esquecer a ajuda finlandesa. Soini não ganhou, mas com uma votação histórica – multiplicou por oito o resultado alcançado em 2007, conquistando 19% dos votos, o que lhe permite aceder a 35 lugares dos 200 disponíveis no parlamento – o problema de Portugal mantém-se. O partido de Soino foi a terceira força mais votada, demasiado votada para poder ser ignorada. Como o próprio afirmou, “no mínimo, vamos ter de ser ouvidos”. E não, ele não vai dizer “sim” ao resgate.
A Coligação Nacional liderada por Jyrki Katainen – o segundo mais jovem primeiro-ministro na história do pais nórdico – ganhou as eleições com vantagem mínima de 1,4%, seguido pelo partido social democrata, que garantiu 19,1% dos votos, a uma escassa décima de distância dos Verdadeiros Finlandeses. Considerando que o sistema finlandês é baseado em coligações políticas e que não poderá haver aprovação do resgate financeiro português sem unanimidade parlamentar, uma coligação com os sociais democratas poderia atenuar o problema português. Mas Jutta Urpilainen, também já veio esclarecer que concorda com a ajuda a Portugal, desde que “seja realizada noutros termos”. E justificou: “As instituições bancárias e financeiras também têm de assumir as suas responsabilidades”.
Perante este cenário, é o professor de Ciência Política Olavi Borg quem melhor o resume: "Este resultado dará cabelos brancos à Europa”.
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