sábado, outubro 09, 2010

Imprensa a criar excêntricos todas as semanas

"Dentro de hemiciclo, todos batem palmas a Sócrates. Fora do hemiciclo, toda a gente está a pensar na sua vidinha e em torno de quem se vai agrupar no futuro. Já estão a trabalhar em quatro vagas de fundo: Assis, Seguro, Costa e César. O PS corre o risco de uma profunda balcanização. António Costa seria uma boa alternativa se estivesse disponível, mas não está porque tem a CML, que é um trampolim político importante. Não vejo nos outros candidatos mais qualidades do que em Sócrates, apesar de todas as críticas que lhe faço. O momento do PS é um momento difícil. (...). Devíamos tentar ter o melhor resultado possível que não afaste o PS durante muito tempo da área do poder."
José Manuel Torres Couto, ex-secretário-geral da UGT, SOL

"O vosso primeiro-ministro Sócrates é um dos melhores líderes na Europa. Há muitos bons líderes à esquerda na Europa, mas a maneira de vencer é ganhando o centro, como aliás o próprio Sócrates demonstrou. [Ele] está numa situação difícil, mas toma grandes decisões, o que é importante."
Tony Blair, ex-primeiro ministro britânico, Expresso

"Se a economia entrar em recessão, haverá menos receitas fiscais e será mais difícil reduzir o défice. Será então necessário aumentar de novo os impostos, se não houver cortes profundos na despesa. mas novo aumento de impostos gerará menos receitas e atingirá de novo a economia, que crescerá menos, num ciclo vicioso sem futuro. A principal factura será paga pela classe média. Ora um país sem classe média reduz fortemente um dos seus motores de crescimento, o da procura interna em geral e o do consumo privado em particular. e a própria democracia sai fragilizada deste processo. O curioso é que não se ouve da parte do Governo nerm da oposição medidas de redução estrutural dos órgãos centrais e locais do Estado."
Nicolau Santos, Expresso

"O que aí vem? Resume-se assim: mais empresas vão fechar. As que se mantêm deixarão de investir. Não nascem empresas novas. o desemprego cresce, aumentando os gastos do estado com subsídios. O consumo privado baixa. Mais empresas fecham. Desemprego outra vez. Mais gastos sociais. Sem capacidade de tomar mais dívida para financiar um novo défice, sobra uma alternativa: voltar a subir impostos. Este copo, completamente vazio, pode ser evitado. Cavaco tem o dever de intervir agora!"
Martim Avillez Figueiredo, Expresso

"Com o PEC 3 o governo português colocou todo o peso do seu corpo no pé sobre o travão (um ano antes ganhou as eleições prometendo precisamente o contrário). O safanão é de tal ordem que o carro ameaça sair da estrada. A meos que alguém lhe dê, por pequeno que seja, um toque sdobre o acelerador."
Daniel Bessa, Expresso

"O problema está, como de costume, nos dois grandes partidos do centrão, que se começam a desfazer. Divididos, desorientados, sem o mais vago objectivo, fora a sua perman~encia no estado (e, além disso, corruptos), tenderão fatalmente a paralisar o regime e, tarde ou cedo, acabarão por o desmantelar. O Estado social (para quem ainda não deu por isso) acabou no dia 29 de Setembro. Daqui em diante, o  PS assistirá inerme á sua agonia, que nenhuma retórica conseguirá disfarçar. E o liberalismo do PSD, numa sociedade iliberal, ficará pela fantasia que é, enquanto portugal empobrece e a economia se afunda. A classe média de estado, com os seus 700 mil funcionários e com a enorme multidão de parasitas que o orçamento mais discretamente alimenta, não permitirá a menor mudança. prefere a segurança na indigência. Sempre preferiu."
Vasco Pulido Valente, Público

"A gestão pode ser legal e não ter mérito (...). [A culpa] é de toda a cadeia de gestão que assume as decisões. Defendo soluções fortes: que o dispêndio público passe obrigatoriamente a ser justificado segundo os critérios da economia, eficiência e eficácia, sob pena de quem, por negligência ou culpa, o não tenha justificado ser sancionado pecuniariamente. E nos casos mais graves, em que há prejuízo efectivo para o erário público, repor o prejuízo. (...) A má gestão não é sancionada."
Carlos Moreno, Juis jubilado do Tribunal de Contas, Expresso

"Quem não cede em negociações e pressiona o adversário para votar as suas políticas está mais interessado em culpar o inimigo e em vitimizar-se que em resolver qualquer problema. Chegou pois o momento do desastre. E perante o desastre é sempre preferível ter opções. Prevalece a liberdade de escolha. O PS não vai ter Orçamento e depois demite-se. Faz bem. Só os portugueses em democracia podem resolver este imbróglio. Passos Coelho arrisca suicidar-se. Seria prudente ficar quietinho e deixar o Governo cair á força da crise. Mas Passos recusa ficar quieto. E Sócrates está disposto a ir a votos. Dizem que vai ser terrível para o país. mas é o preço da liberdade."
Carlos Ferreira Madeira, i

"Tenho a expectativa de que a recessão não acontece por duas razões. Em primeiro lugar porque estas medidas, apesar de reduzirem o rendimento disponível e o consumo, vão permitir desanuviar o clima financeiro e, assim, as perspectivas sobre a economia são melhores. Porque uma economia que não funciona, asfixia. Além disso, estas medidas não afectam a nossa capacidade exportadora e isso tem de ser tido em conta nas projecções para o próximo ano. Não sobrevalorizaria o impacto negativo das medidas."
Teixeira dos Santos, Ministro das Finanças, Expresso

"Não vejo que seja possível ir muito mais longe no corte da despesa, a ponot de podermos abdicar de aumento dos impostos, em particular da taxa do IVA. A partir de certo ponto, o que está em causa não é o corte na despesa, o que está em causa são certas políticas: queremos ou não  ter um serviço nacional de saúde, uma escola pública, um certo nível de protecção social?"
Idem, ibidem

"Não resta nada: o FMI, o Eurostat, a Moody's, todos se coligaram para nos anunciarem um longo Inverno, um ano negro, um horizonte carregado de nuvens e de desesperança. Valha-nos o governador do Banco de Portugal, o seu primeiro discurso após empossado e os seus sábios conselhos que, se bem os percebi, têm a virtude optimista de serem magnificamente contraditórios entre si: por um lado, aconselha-nos a poupar; por outro, lamenta que a retracção do consumo nos vá fatalmenet mergulhar em recessão. Antes assim: o pior é quando há uma saída e não damos por ela."
Miguel Sousa Tavares, Expresso

"Eu prefiro as situações-limite do que as falsas situações difíceis. Prefiro uma realidade absolutamente má do que um optimismo absolutamente falso. É quando as coisas estão realmente negras que encontramos forças para reagir - não quando elas ainda consentem uma esperança que não passa de uma falsa ilusão, que nos mantém a esbracejar. É bom que os portugueses entendam e interiorizem que não podemos continuar a viver a crédito, gastando o que não temos. Se o entendemos facilmente na nossa economia familiar, não há razão para que não o entendamos na economia do país. É só preciso que acabem as mentiras: que se diga às pessoas que o dinheiro do Estado vem de algum lado. E que, de onde ele vem, terá de voltar. Que, olhos nos olhos, haja a coragem de dizer aos portugueses uma coisa tão simples como isto: não há dinheiro."
Idem, ibidem

O mundo tem de nós a ideia de uns inúteis, parasitas, que só sabem cantar o fado e viver a crédito. Por isso, estamos sós. Não adianta reclamar contra os especuladores ou contra o grande capital financeiro internacional. A questão é conosco, somos nós que temos de nos afirmar como um país viável para os nossos filhos, os nossos netos e quem vier depois. Antes assim, sem mais subterfúgios - é o que nos resta fazer."
Idem, ibidem

 "Com a redução do poder das redacções e a crescente proletarização dos jornalistas, qualquer sinal de espírito crítico foi aniquilado. mesmo que um jornalista tenha dúvidas, a ideologia dominante impõe-se, legitimada que está por todos os poderes; o académico, o económico e o político. (...) A coisa tornou-se de tal forma pornográfica que, esta semana, um grupo de cidadãos lançou uma petição «Pelo pluralismo de opinião no debate político e económico» na comunicação social. Assinei sem esperança."
Daniel Oliveira, Expresso

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