O autor, o londrino Tom Kempinski (n. 1938), é praticamente desconhecido entre nós. A peça, contudo, celebrizou o dramaturgo no West End e na Broadway, tendo sido apresentada em 46 países e merecido a atribuição do London Theatre Critics Award. Na companhia de Carlos Pimenta, encenador com quem o Ensemble vem estreitando relações nas últimas temporadas, a dupla fundadora Emília Silvestre/Jorge Pinto interpreta este árduo Dueto para Um, no qual uma violinista famosa, confinada pela esclerose múltipla a uma cadeira de rodas, confronta a sua condição e identidade em sessões de psiquiatria.
À semelhança do que aconteceu com a produção anterior da companhia – Alguém Olhará por Mim, de Frank McGuinness, que incidia sobre a experiência do cativeiro de um jornalista irlandês e seus companheiros no Líbano –, também Dueto para Um explora a matéria a que tão desajeitadamente chamamos “vida real”: a história de Jacqueline du Pré, tida como uma das mais inspiradas intérpretes do violoncelo de sempre, que, no auge da carreira, aos 28 anos, se vê forçada a abandonar os palcos. Lidando com material de pendor melodramático, Tom Kempinski não cruza a fronteira de um sentimentalismo condescendente, propondo um braço-de-ferro entre um psiquiatra e uma paciente cujos protestos – mais do que as revelações – nos dão a medida exacta do seu sofrimento.
Autor: Tom Kempinski; Tradução: Constança Carvalho Homem; Encenação: Carlos Pimenta, Cenografia: João Mendes Ribeiro; Figurinos: Bernardo Monteiro; Desenho de luz: José Álvaro Correia: Música: Ricardo Pinto, Mário Siegle (interpretação Mário Siegle); Vídeo: Alexandre Azinheira; Interpretação: Emília Silvestre, Jorge Pinto; Produção: Ensemble – Sociedade de Actores.
De Hoje a 24 de Outubro
Teatro Carlos Alberto, Porto, 21h30
Sem comentários:
Enviar um comentário