segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Amor antes da maioridade V

Querida Wookie,

Aproveito este instante para te chamar Amor.
Sei que é a última vez e que deverei aprender a viver com a minha solidão.
Acabámos miseráveis papéis de um caixote do lixo,
nada de muito eterno.
Não chegou a salvação para nós.

Aprendi contigo
A dedicação, a perseverança,
o amor impossível, o sublime amor eterno.
Sei que tudo o que digo agora já não fará sentido para ti,
Mas espero que entendas que te amo, que te amei sempre,
Mesmo quando te traí.
No fundo, nunca te traí. E sei que sabes isso.

O problema é que achava que não havia lugar para nós,
esse sítio de que falavas,
onde podiamos ser apenas nós e o nosso amor.
Isso revolta-me agora.
Preferi procurar um lugar terreno,
mas sei agora que esse também não existe.
O único lugar que existe está no meu coração,
no meu ideal, no meu interior.
Como havia de saber exteriorizá-lo?

Quiseste mostrar o teu amor por mim,
o teu medo de viver sem mim.
E eu provoquei-te, sacrifiquei-te.
E perdi-te.
Um final desastroso, caótico, feio.
Morte! Morte! Morte!

Não fiz nada para parar a roda da destruição,
Fui passivo no que me era impossível remediar,
Culpado, irresponsável.
Mesmo assim, nunca te quis magoar.

Aprendi contigo a eternidade,
a continuidade dos inícios e dos fins.
E numa partida de xadrez,
na luta pela conservação do ego, em todas as batalhas,
tudo o que fiz foi declarar-te amor.
Amor! Amor! Amor!

Estás livre agora. Corre.
C.A.

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