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segunda-feira, abril 19, 2010

O amor antes da maioridade XI

Nunca escrevi a ninguém que amasse dentro de um avião.
É como se fosses aqui.
Fiquei ciente de que és uma provocadora.
De que és boa em matemática.
E que me fazes falta...

Mais que tudo, a minha imagem de ti vem-me da tua escrita.
É o que tenho de mais nítido.
Em que te vejo menina ou mulher.
Em que tanto te aninhas no meu colo,
como me fazes perguntas duras como aço.
Depois, vejo os teus olhos.
Interrogativos.
Profundos,
capazes de ler muito para além do que digo.
A luz do sol bate neles e ficam doces da cor de mel.
E com água...
O teu cabelo,
a acender um pôr-do-sol onde quer que estejas.
A tua boca.
Os teus lábios à procura dos meus.
As tuas mãos. Adoro as tuas mãos.
Tens razão: tenho a mania das mãos e dos pés.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

O amor antes da maioridade X

Querida Wookie,

Sempre tive uma certa aversão pelos estatutos,
Por rótulos, títulos, etiquetas,
pelo conforto ilusório que concedem.
O pior é que quis ser teu namorado.
Aceitei-o como um acto de fé,
De amor.
Acabei cego, preso à fé,
E sem o teu amor.
Sacrifiquei-te, crucificando-nos.
Para te amar, aprendi,
não preciso de ser teu namorado.
c.a.

sábado, fevereiro 06, 2010

O amor antes da maioridade IX

Querida Wookie,

Calaram-se os fados, os remotos poemas, as noites boémias,
Agora é o tempo em que as horas pararam,
Em que as pétalas, umas após outras, caíram.
Querida Wookie, minha querida,
Este é o lugar onde a loucura tomou conta de mim,
Onde os demónios me percorrem as veias,
Onde a chuva não pára.
Diz-me que o fim não terminou.

Saudades, oxalá não as tivesse.
A minha confiança repousa nos momentos que tivemos,
Momentos perdidos que a memória refresca,
Momentos em que os meus sonhos eram os teus.
Tu não sabes, esqueci-me de tudo,
Da Terra, do Sol, das estrelas.
Surgem só, incompletas, as reminisciências desse passado adorado,
Sou perseguido pela brisa do "passou", do "viveu", do "amou".
Do "morreu".

Diz-me que nada acabou, que tudo recomeça,
Diz-me que o presente não nega o futuro.

Deitar sonhos abaixo é o que mais me arrepia,
Ter-te feito isso, não entendo.
Fiz-te o que me fizeram, os motivos talvez tenham sido outros,
Se é que de alguma forma existem motivos para destruir sonhos.
Sei que nunca me vais perdoar
Porque destruí o teu sonho por dentro,
Uma implosão.
Odeio-me por isso, por não te merecer.
Odeio-te por isso, por não seres capaz de me perdoar.
c.a.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

O amor antes da maioridade VIII

Querida Wookie,

Ontem acordei e sonhei que tinha um poema à minha frente.
Quando abri os olhos para o transcrever, já não me lembrei dele.
Tinhas apenas os três primeiros versos. O resto desapareceu.
As palavras eram de certeza minhas, as imagens e o resto.

"Gostava de abrir a gaveta onde ficaste,
Reencontrar o murmúrio que no silêncio ainda sussurra.
Não quero saber se a conjugação falhou."
Fecho os olhos e vejo de novo a carta. Na memória.

Eu sei que voltarás, talvez a tua forma seja diferente,
Como um fantasma, um sonho ou um pesadelo,
Mas sei que voltarás para me convencer que não estás ausente,
Sempre presente. Presente.
A que me guia, a que me deixa para trás,
E depois me ressuscita.

Não queria talvez falar, porque para toda a gente é fácil viver.
Mas se alguém me ouve, me compreende,
Peço-lhe para apertar a minha boca,
Peço-te que o faças. Com um beijo. Só.

Depois, à saída, olho outra vez para ti.
Levas contigo qualquer coisa de mim.
Tremo de frio. De medo.

O que importa é que naquele dia em que parece que as pessoas têm de amar-se mais do que nos outros dias, tenhas recebido aquelas rosas que na linguagem das flores querem dizer: obrigada por viveres na minha vida.
c.a.

terça-feira, março 03, 2009

Amor antes da maioridade VII

Querida Wookie,

Não sei bem por onde começar,
mas talvez por eliminar todo o secretismo que me rodeia ultimamente:
Amo-te! Muito! Nem sei bem até que ponto!
Sei que te fiz mal,
que te magoei várias vezes.
Vezes em que pensei perder-te e não perdi,
Vezes em que pensei que nunca mais te queria ver,
Vezes em que te odiei,
E talvez até mais.

Talvez não compreendas porque prefiro sofrer do que amar-te,
também não sei porque sofro tanto quando te amo.
Sinto-me massacrado a um ponto tal que já nem sei se sofro,
já nem sei se estou vivo.

Sinto-me rodeado de nuvens brancas pelas quais passam sombras,
Não vejo alma que viva, não vejo alegria.
Os teus olhos continuam um mistério que não consigo desvendar.
A pouco e pouco enclausuram-se,
e o tempo inerte continua a passar.

Talvez seja tarde,
Talvez já não me ames.
Dizes que faço parte da tua edição limitada.
Havia de me sentir feliz?! Foda-se!
É isto que eu queria que me explicasses...

C.A.

segunda-feira, março 02, 2009

O amor antes da maioridade VI

Querida Wookie,

Espero que este amor seja eterno.
E que, por fim, te traga uma certa doçura.
Sofrermos tanto é tão injusto.
Mas acredito que tudo que passamos, vivemos, sofremos,
só teve uma única causa, uma única origem: amor.

O que vivemos foi realmente bonito.
Nós éramos diferentes, queríamos um amor diferente.
Forte, que nada na vida poderia destruir,
Belo, que nem as palavras conseguiam definir,
Único, que nem os gestos podiam acariciar.

Quando te desenhava
não era através de uma fotografia,
nem tão pouco em nenhuma aula prática de desenho.
Eu era como uma criança eufórica, contente, apaixonada,
talvez louca.
Era o meu corpo que vibrava ao som do coração,
ao som do meu ideal de amor.

Ultrapassava-me nos beijos, nos sacrifícios de carne,
a tal ponto que às vezes me sentia ausente,
perdido e por aí fora...
Fora do tempo, fora do espaço, fora de tudo.
Fiquei de fora. De tudo. De ti.

Dizes que percebi muito tarde que te amava.
Não é verdade.
Das duas uma: ou ambos nos apercebemos muito cedo.
Ou ambos... muito tarde.
Mas o passado passou.
As mágoas e as magias ficaram.
Já reparaste como estas duas palavras são parecidas?

Escrevo-te a preto.
Quando predomina o preto é sinal de que existe uma pequena luz.
Ou não?

C.A.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Amor antes da maioridade V

Querida Wookie,

Aproveito este instante para te chamar Amor.
Sei que é a última vez e que deverei aprender a viver com a minha solidão.
Acabámos miseráveis papéis de um caixote do lixo,
nada de muito eterno.
Não chegou a salvação para nós.

Aprendi contigo
A dedicação, a perseverança,
o amor impossível, o sublime amor eterno.
Sei que tudo o que digo agora já não fará sentido para ti,
Mas espero que entendas que te amo, que te amei sempre,
Mesmo quando te traí.
No fundo, nunca te traí. E sei que sabes isso.

O problema é que achava que não havia lugar para nós,
esse sítio de que falavas,
onde podiamos ser apenas nós e o nosso amor.
Isso revolta-me agora.
Preferi procurar um lugar terreno,
mas sei agora que esse também não existe.
O único lugar que existe está no meu coração,
no meu ideal, no meu interior.
Como havia de saber exteriorizá-lo?

Quiseste mostrar o teu amor por mim,
o teu medo de viver sem mim.
E eu provoquei-te, sacrifiquei-te.
E perdi-te.
Um final desastroso, caótico, feio.
Morte! Morte! Morte!

Não fiz nada para parar a roda da destruição,
Fui passivo no que me era impossível remediar,
Culpado, irresponsável.
Mesmo assim, nunca te quis magoar.

Aprendi contigo a eternidade,
a continuidade dos inícios e dos fins.
E numa partida de xadrez,
na luta pela conservação do ego, em todas as batalhas,
tudo o que fiz foi declarar-te amor.
Amor! Amor! Amor!

Estás livre agora. Corre.
C.A.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Amor antes da maioridade IV

Querida Wookie,

Acabou o Verão. E nós com ele.
Morremos subitamente após a última orgia.
Gozámos. Rimos.
A tua voz lancinante, o teu olhar engraçado.
Feliz.
Encontrei-te no ponto certo, no momento bom.
Beijámo-nos no meio da sala enorme,
Abracei-te em gestos ousados, pousados,
suaves sobre a tua pele...


Corta!
Corto o filme!
O teu caso, o nosso caso está perdido. Definitivamente.
Encontrei-me a sonhar no passado perdido.
É certo: gostei, amei-te, odiei-te,
Chorei. E depois morri.
Chega de tretas! Chega de canalhices!
Os teus olhos choram. Tudo chora.
E mais choro eu de tudo ver chorar.
Cansei-me. Cansei-me de sonhar.
De mentir.
Mentir-me a mim. Mentir-te a ti.


Deixei de gostar de mim quando deixaste de gostar de mim.
O teu egoísmo abafou-me, asfixiou-me.
Mas não quero partir.
Deixa-me viver. Em ti.
Sentir-me livre. Em ti.
Não percebes que não posso confiar em ti desconfiando de mim?
Isto não pode estar a acontecer.
Fungos trespassam-me,
alarmando e alastrando-se no meu corpo.
Sinto-me imundo, ex-mundo.
Fecho os olhos devagar.


Vai! Voa!
Brinca com a vida. Eu fco com a morte.
Desculpa. A culpa não é tua.
Mas explica-me porque já não me fazes feliz.
Nem queres a minha felicidade com antes querias.
Exagero, ultrapasso os limites, eu sei.
Perco-me na vida
e a vida perde-se em mim.
Vou morrer.
Mas olho para a minha mão e vejo que ainda me sobra algum tempo.


Sinceramente, gostas do que escrevo?
Do que faço, do que digo,
Do que fumo, do que bebo
Do que me chupa a pele?
Nunca dás respostas,
Só fazes perguntas!
Merda!


C.A.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

O amor antes da maioridade III

Querida Wookie,

Contigo quase soube o que eram certezas na vida,
o que eram caminhos para andar.
Senti segurança, conforto,
mas talvez fosse fruto da minha imaginação (que não me falta).
Talvez fosse fruto da minha imaginação a certeza de que nada nos separaria.

Às vezes, estou verdadeiramente noutro mundo
porque não compreendo nada deste.
Nem as pessoas.
Nem a ti.
Não consigo viver sem amor,
sem um gesto, um olhar, uma mão, talvez uma palavra.
Sufoco por contenção, comprime-me o coração.

No silêncio, finalmente...
Vou desistir. Não quero ser forte.
Nem consigo chorar, embora queira.
Palhaço triste.
Sinto a traição, o engano.
Não consigo acreditar. Quero fechar os olhos.

Porque é que os sonhos morrem?
Por que razão continuas a andar, a cantar e a dançar?
É preciso grande coragem! Não vês que enlouqueço?
Há semanas, ouves? Há semanas que não escreves!
Esquece. Esquece-me.
Não sou nada. Já não significo nada.

As pessoas todas encontram o significado para a vida em coisas baratas, fúteis.
Isso basta-lhes. Isso basta-te?
Como conseguirei viver assim?
Como consegues viver assim?
C.A.

domingo, fevereiro 01, 2009

O amor antes da maioridade II

Querida Wookie,

As folhas caem, o vento sopra, a alma voa. Chegou o Outono.
Quero pedir-te perdão. Pedir-te desculpa não chega.
Não há culpa: nem eu nem tu somos culpados.
Gostaria de não remexer no passado, no nosso desmoronamento, no nosso sonho.
No nosso lugar.
Não quero voltar a discutir contigo.
Entusiasmava-me rever-te, conversar. Mas isso ser-me-ia difícil. Muito difícil.
Há sempre a tentação. Maldita tentação, sim.

Um dia perguntaste-me porque gostava de ti, o que gostava em ti.
A resposta foi perplexa, desconhecida. Talvez tudo.
Gostava de te ver rir e também eu explodir numa gargalhada. A vida.
Gostava de te ver chorar, o teu choro sempre tão contínuo como a dor que te provocava.
Gostava de te ver dormir no teu quarto, sempre na penumbra.
Gostava de te ver nua, do teu sexo, das tuas pernas.
Gostava das tuas mordidelas ferozes, das tuas loucuras.
Gostava do teu amor.
Da tua mão na minha mão. Do teu rigor.
Gostava de ver-te cozinhar, vestir. Do teu dinamismo.
Amei-te, sabes?

Acho que não fiz mais porque não sabia.
E o que não sabia era essencial para a nossa sobrevivência.
Isso confundiu-me, apaixonou-me. Enterrou-me.

Não me alongo mais.
Na minha lágrima deposito o desejo de que recuperes a felicidade.
O desejo de que não me guardes rancor.
Choro, mas com grande fé em ti.

Um beijo no papel.
A lágrima caiu ao lado.
C.A.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

O amor antes da maioridade I

Querida Wookie,

Nunca sei como começar...
E o que começo nunca acaba...
Assim poderei eu ser, eu próprio, sinónimo do que existe, antónimo do que foi e virá. Sinónimo de morte e, ao mesmo tempo, de nascimento.
Assim tu apareceste e mudaste a minha vida.
Longe do meu ser, completamente absorto e deitado, colocaste um ponto, um porto, uma estrela cintilante, desconcertante. Pergunto-me: Será que nunca antes tinha olhado para o céu?

Não, isso também não. Mas já já foi há tanto tempo.
Tempo. O tempo.
Tempo para parar e acender um cigarro?
Saquei o isqueiro, apontei o cigarro à boca e depois o cigarro ao isqueiro. Passei instintivamente de uma luz para outra. Tentava comunicar com a estrela (contigo?), retribuir-lhe a luz que me oferecia...
Lá se vai a memória. Não te lembras? Esqueceste ou quiseste esquecer?

Pára! Foda-se! Estou a tremer compulsivamente!
Só queria que me aceitasses como sou!
Mas agora dizes-me que é diferente, que já não preciso de ti (ou és tu quem já não precisa de mim?)
Para sair, ir embora, para não olhar parta ti,
Para entender as necessidades, para voltar à minha cidade,
Que eu não tenho idade para...
E, finalmente, o que se dá há-de....

Depois, talvez mais tarde,
Apagar a estrela num cinzeiro qualquer e conservar o que se consumiu, adorar essa relíquia, não a colocar junto dos velhos cacos. Talvez partir...
Depois de ti subsistirá o medo, o azar, as mesmas necessidades. E o amor e as saudades e... já não sei... Não dizias que as pontes nunca caem?

Desculpa-me, meu amor. Não ligues ao que escrevi, são apenas palavras, imagens que passam por mim. Apenas uma maneira de dizer que espero que penses em mim, tal como prometeste fazer. Eu escrevi. Eu amo-te.

C.A.