As pessoas não gostam dos políticos por eles serem políticos. As pessoas não gostam dos políticos porque não querem que eles sejam pessoas. São capazes de varrer da memória a corrupção, a incompetência, a insensibilidade, mas não perdoam um pingo de humanidade. José Sócrates terá mil e um defeitos, mil e uma falhas, mas no sábado passado, em Coimbra, esteve bem. Melhor do que o país merece. Sugeriu, e bem, e muito bem, que as pessoas fossem ao cinema ver o filme de Gus Van Sant, Milk, sobre a luta dos homossexuais pelos seus direitos. Mas meio país ficou escandalizado. Deve ser o mesmo país que acha que só tem direito a casar o homem que ama uma mulher e vice-versa. Mesmo que depois a espanque ou traia. Como se o amor fosse privilégio só de alguns. Deve ser o mesmo país que corre para essa igreja que proclama que nos ergamos em nome dos verdadeiros valores cristãos e nos recusemos a votar em que ergue bandeiras de pecado. Quando vi o filme pareceu-me estranho que em 30 anos o mundo tivesse mudado tão pouco. Fatalmente, Portugal mudou menos ainda.
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
Mr. Sócrates Milk
As pessoas não gostam dos políticos por eles serem políticos. As pessoas não gostam dos políticos porque não querem que eles sejam pessoas. São capazes de varrer da memória a corrupção, a incompetência, a insensibilidade, mas não perdoam um pingo de humanidade. José Sócrates terá mil e um defeitos, mil e uma falhas, mas no sábado passado, em Coimbra, esteve bem. Melhor do que o país merece. Sugeriu, e bem, e muito bem, que as pessoas fossem ao cinema ver o filme de Gus Van Sant, Milk, sobre a luta dos homossexuais pelos seus direitos. Mas meio país ficou escandalizado. Deve ser o mesmo país que acha que só tem direito a casar o homem que ama uma mulher e vice-versa. Mesmo que depois a espanque ou traia. Como se o amor fosse privilégio só de alguns. Deve ser o mesmo país que corre para essa igreja que proclama que nos ergamos em nome dos verdadeiros valores cristãos e nos recusemos a votar em que ergue bandeiras de pecado. Quando vi o filme pareceu-me estranho que em 30 anos o mundo tivesse mudado tão pouco. Fatalmente, Portugal mudou menos ainda.
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