sábado, fevereiro 17, 2007

O Douro é amor


Nada lhes rouba a alegria de existirem ali, em Almendra, desabitada freguesia de Foz Côa. Nem a operação ao braço que impede Luís Maia, 78 anos, de limpar as oliveiras, nem a ausência do comboio que antes o levava, a ele e à sua Cândida Furtado, um ano mais nova, a visitar mais vezes os filhos, um na Guarda, dois em Lisboa. Vivem assim, um para o outro, há 54 anos. “Já casámos segunda vez”, vertem orgulho pelas bodas de ouro. Ainda parecem namorados. Ela trata da lavoura; ele conduz a burra. “Tem volante e tudo e não é preciso carta de condução”, ri Luís. Demoram três horas a percorrer 12 quilómetros. É a distância que os separa de casa aos campos, todos os dias. Todos os dias sozinhos. “Mesmo a pagar não há quem queira trabalhar".

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