sábado, fevereiro 24, 2007

Suicídio encomendado


O caminho para a morte é lento, silencioso, absurdo. Comprido e, talvez, infalível. "Suicídio encomendado", primeira longa-metragem do promissor Artur Serra Araújo, que abriu ontem a 27ª edição do Fantasporto, é uma comédia negra e uma história de desamor. Sobretudo próprio.
Absolutamente repleto de ideias inusitadas - raríssimas no cinema português - peca, no entanto, pela falta de ritmo e de densidade dos personagens que, justamente por serem surrealmente bons, mereciam maior desenvolvimento. Mereciam que nós não quisessemos a sua mrte. Peca ainda por um quase imperdoável desleixo em alguns pormenores cénicos interiores, o que poderá condenar a sua estreia a 15 de Março, em 15 salas de todo o país. O resto, sobretudo o texto, é superior. Numa versão levemente editada, o filme teria inaugurado uma nova e arrojada etapa em Portugal.
José Wallenstein é o Dr. Morte, homem que conduz os infelizes ao suicídio. Luís Tinoco, filho de pais raptores, é o infeliz que se deixa conduzir por Mirandela, pelas paisagens do Douro e por várias tentativas falhadas de morte. Quer morrer porque a irmã, raptada como ele, mas a uma família diferente, não corresponde ao seu amor.
É um filme sobre a partilha.
Quem partilha a parte do meio da torrada?

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