segunda-feira, março 02, 2009

O amor antes da maioridade VI

Querida Wookie,

Espero que este amor seja eterno.
E que, por fim, te traga uma certa doçura.
Sofrermos tanto é tão injusto.
Mas acredito que tudo que passamos, vivemos, sofremos,
só teve uma única causa, uma única origem: amor.

O que vivemos foi realmente bonito.
Nós éramos diferentes, queríamos um amor diferente.
Forte, que nada na vida poderia destruir,
Belo, que nem as palavras conseguiam definir,
Único, que nem os gestos podiam acariciar.

Quando te desenhava
não era através de uma fotografia,
nem tão pouco em nenhuma aula prática de desenho.
Eu era como uma criança eufórica, contente, apaixonada,
talvez louca.
Era o meu corpo que vibrava ao som do coração,
ao som do meu ideal de amor.

Ultrapassava-me nos beijos, nos sacrifícios de carne,
a tal ponto que às vezes me sentia ausente,
perdido e por aí fora...
Fora do tempo, fora do espaço, fora de tudo.
Fiquei de fora. De tudo. De ti.

Dizes que percebi muito tarde que te amava.
Não é verdade.
Das duas uma: ou ambos nos apercebemos muito cedo.
Ou ambos... muito tarde.
Mas o passado passou.
As mágoas e as magias ficaram.
Já reparaste como estas duas palavras são parecidas?

Escrevo-te a preto.
Quando predomina o preto é sinal de que existe uma pequena luz.
Ou não?

C.A.

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