e não quero afogá-las no vinho
amanhã vou-me esquecer
devia ser agora que andam aqui
as gaivotas que cheiram
a mar e a telhas velhas
eu cheiro à noite de ontem
mas devia cheirar a hoje
devia ser agora que eu
devia cheirar a hoje
amanhã se calhar
nem cheiro
nem como
nem ando
devia ser hoje
que andam aqui os bêbados
que cheiram a futuro
toda a gente sabe que o futuro
é dos bêbados
os únicos que aguentam
não cheirarem a hoje
não dizerem hoje
já ninguém é quando quer
é quando pode
e quando se pode já não se é
porque não foi hoje
e é sempre tarde
a noite é tarde
o dia é tarde
eu sou tarde
tu chegaste tarde
* Cláudia R. Sampaio
Sem comentários:
Enviar um comentário