quarta-feira, novembro 17, 2010

Nuno Cardoso no lugar do actor


Encenou primeiro Platónov (2008), peça inaugural de Tchékhov, objecto de sucessivas reformulações (e rejeições) pelo dramaturgo, para sempre inacabada como a catedral de Gaudí. Na abertura da presente temporada, encena outro monumento dramático: A Gaivota, peça matricial da dramaturgia tchekhoviana que se tornaria a imagem de marca – estampada na cortina de cena e na capa dos programas – do Teatro de Arte de Moscovo. Em T3+1 opera-se uma súbita inversão: Nuno Cardoso abandona a cadeira do encenador e passa para o palco para interpretar um par de peças curtas de Tchékhov. Em vez de edifícios de fachada mais ou menos imponente, duas pequenas assoalhadas. Dirigem o actor-encenador três dos seus mais regulares colaboradores: Victor Hugo Pontes, assistente de encenação de Nuno Cardoso desde 2005, e José Eduardo Silva e Luís Araújo, actores que integraram os elencos de Platónov e A Gaivota. Exemplos de leveza e acuidade dramática, estas peças breves são miniaturas em que Tchékhov condensou, com precisão de ourives, muito da sua arte dramática, e com que Nuno Cardoso e seus encenadores montam T3+1.

De Anton Tchékhov ("Canto do Cisne", "Os Malefícios do Tabaco"); tradução António Pescada; encenação José Eduardo Silva, Luís Araújo, Victor Hugo Pontes; dispositivo cénico Nuno Carinhas;desenho de luz Wilma Moutinho; interpretação Nuno Cardoso; co-produção Ao Cabo Teatro, TNSJ

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