Estou mais ou menos a borrifar-me para as eleições autárquicas de Lisboa, tirando o facto de estar farta do tempo de antena que ocupam nas televisões e nos jornais. Portanto, é-me perfeitamente indiferente o sítio de eleição de cada candidato que o Expresso apresenta, hoje, na Única. "As casas onde cresceram, as vistas que os deslumbram, os cafés ou restaurantes irresistíveis, os lugares a que voltam sempre, os segredos que guardam em Lisboa". Não quero saber.
sábado, junho 30, 2007
Lisboa íntima
Estou mais ou menos a borrifar-me para as eleições autárquicas de Lisboa, tirando o facto de estar farta do tempo de antena que ocupam nas televisões e nos jornais. Portanto, é-me perfeitamente indiferente o sítio de eleição de cada candidato que o Expresso apresenta, hoje, na Única. "As casas onde cresceram, as vistas que os deslumbram, os cafés ou restaurantes irresistíveis, os lugares a que voltam sempre, os segredos que guardam em Lisboa". Não quero saber.
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sexta-feira, junho 29, 2007
Dr. House III - último episódio
quinta-feira, junho 28, 2007
quarta-feira, junho 27, 2007
"Plataforma - No meio do mundo"
Os franceses são e sempre foram pretensiosos. Dizerem de Houellebeqc, de nome verdadeiro Michel Thomas, que escreve romances como quem escreve "memorandos de uma empresa", é uma profunda injustiça. Argumentarem que é vastamente lido nos outros países apenas porque a sua hermenêutica é simplista, de uma sobranceria desconcertante. Houellebecq não escreve como escrevem os franceses: não é Honoré de Balzac, não é Charles Perrault, nem Chanford, nem Dumas, nem Duras, nem Flaubert, nem Camus, nem Hugo, nem... Não sei se é uma virtude, mas sei que está longe de ser um defeito. E reduzir os seus livros a uma maratona de obsessões sexuais - mesmo que seja esse, aparentemente, o denominador comum de todas as suas publicações -, sinceramente, é não ser capaz de chegar lá, ao lugar onde é suposto chegar-se.
"Plataforma" cruza a apoteose do turismo sexual dos resorts asiáticos com o cutelo do fundamentalismo islâmico, desmascarando de forma atroz as contingências da contemporaneidade nos dois extremos do mundo. Do Ocidente pudico, que cora quando o tema é sexo, mas que ruma para paragens tão distantes quanto possível para se entregar aos braços do prazer, não hesitando em pagar por isso. "Essa busca desesperada, equiparada à de alguém que foge da sua própria sombra, é bem conhecida nos meios ligados ao turismo, que lhe chama o paradoxo da «double mind»". E do Islão mentecapto, de crenças doentias, para quem a morte é sempre a primeira arma contra o pecado. O seu pecado. "Chegará certamente o dia em que o mundo ficará livre do Islão; embora para mim seja tarde demais. Lamentavelmente, falta de vontade de viver não é o suficiente para sentirmos vontade de morrer."
Ao terceiro romance, a novidade, do ponto de vista da existência do protagonista, é a benção do amor - "Quando falta o amor, nada pode ser santificado." - a que, até então, nunca se assistira. Michel, que mantém em comum com os personagens dos livros anteriores, o desprezo pelos homossexuais e pelos muçulmanos, a dedicação vaga à profissão (excepção para Michel, o biólogo molecular de 'Partículas'), a aversão à América e a consagração a uma existência desinteressante e desinteressada - "É fácil renunciarmos a viver, pormos de lado a nossa própria vida" -, pouco católica e pouco altruísta, apaixona-se de forma derradeira. Seria o início de um ciclo novo, se não ficasse drasticamente interrompido pela demonstração de incompatibilidade cultural e religiosa entre os mundos todos.
"Plataforma" é, à sua maneira, uma história de amor. Mas "quando a vida amorosa acaba, é a vida no seu conjunto que adquire qualquer coisa um pouco forçada e convencional. Permanece o aspecto humano e os comportamentos habituais, como uma espécie de estrutura; mas, para empregar uma expressão corrente, o coração já não mora aqui".
terça-feira, junho 26, 2007
O poder de Berardo
Time Out Lisboa
Prós & Contras II
Prós & Contras
domingo, junho 24, 2007
Noite de S. João
sexta-feira, junho 22, 2007
Fosse só o Rivoli....
E depois, a cultura de Rui Rio não é só La Féria; não é só um lençol vazio. É, também, um improvável concerto dos Keane que a Câmara, vá lá saber-se porquê, decidiu promover em Agosto.
Viva Rui Rio! Viva!
quinta-feira, junho 21, 2007
Rui Rio, the big brother
quarta-feira, junho 20, 2007
Restart
terça-feira, junho 19, 2007
Ricardo II
Mas Ricardo II, encenado por Nuno Cardoso para o Teatro Nacional Dona Maria II, em Lisboa - em cena até 8 de Julho - é assim uma espécie de imenso jogo de futebol, que também podia ser de xadrez, mas onde "o mecanismo de confrontação entre as duas equipas - a que exerce o poder e aquela sobre quem ele é exercido - extrapola os limites das regras de qualquer desafio".
A ilustração desse divórcio subjaz a toda a peça. A engrenagem sobre a transição de poder de Ricardo II (João Ricardo) para o seu primo Bullingbrook, duque de Hereford (Gonçalo Amorim), que assumirá o título de Henrique IV, "é uma espécie de jogo de espelhos que se vai amplificando, uma dissecação perfeita do movimento antitético entre as duas personagens.
No início, um é rei; o outro apenas um homem. De repente, redefinem-se e os papéis invertem-se. Mas ambos continuam presos. Antes de tudo, à sua identidade". É o poder enquanto "monstro de Frakenstein" "As maiores sevícias praticam-se quando não temos consciência delas. Daí, as grandes catástrofes e a dimensão de loucura que o homem transporta", afirma Nuno Cardoso, para justificar que é justamente "a nossa constante distanciação da aceitação de coisas tão simples como a morte - Ricardo diz: "A morte é a única coisa que nos pertence" - que o "fascina" e o conduz à escolha de textos que versam invariavelmente sobre "temáticas complexas".
A aposta - primeira incursão do encenador pela obra de Shakespeare - parece cínica (os actores são vestidos pela dupla Storytailors com equipamentos de futebol), mas ele garante que é uma peça "serena", sem juízos de valor. "Não estabeleço fronteiras entre o que é justo ou injusto; entre o que é bom ou mau. Esta peça, que é imensa [mais de três horas], é a demonstração da capacidade que temos de ser ambas as coisas ao mesmo tempo. E, neste caso, ambas as coisas na figura daqueles dois reis".
Ancorada num exercício que joga com o "perdurar da memória", e com a ambiguidade fornecida pela banda sonora de Sérgio Delgado, a história desenvolve-se em três momentos que correspondem a três linguagens diferentes o reinado de Ricardo; a invasão e a transição de poder; e a abdicação do Rei, período de síntese num quadro "um bocadinho pervertido" a evocar a última ceia. A causa, o efeito e as consequências.
A equipa de Nuno Cardoso não é a mesma de sempre, mas quase dos 15 actores, Cátia Pinheiro, Luís Araújo, António Júlio e Daniel Pinto pertencem a um grupo que raras vezes não integra as suas criações. O autor do estádio, Fernando Ribeiro, e o dos holofotes, José Álvaro Correia, também estão sempre lá. O núcleo duro, a linguagem cénica e a conexão entre o texto e actualidade serão a marca coerente do encenador que, desde o início, promete fazer uma comédia... que nunca chegou.
quarta-feira, junho 06, 2007
As pessoas e as cidades
As pessoas não são as cidades que habitam, mas são completamente diferentes: as do Porto e as de Lisboa. Mesmo que alguns, poucos, de um lado pudessem pertencer ao outro lado e vice versa. A amizade, nas suas quase infinitas possibilidades de demonstração é, também, tão radicalmente diferente que quase não parece a mesma coisa. E, se calhar, não é. Sei hoje, como já sabia antes, que a porta - de casa e do coração - escancarada do Porto, a abnegação, a generosidade, o estar sempre presente, mesmo quando não se pode, não encontra a mais leve simetria em Lisboa.
Nem sempre é possível explicar o que nos aproxima, por dentro, das pessoas; mas é perfeitamente possível saber o que nos afasta. Não estamos juntos! Já não estamos. Alguma vez estivemos?