Os pontos em discussão não eram extensos nem propriamente palpitantes - não ofereciam muita margem para discórdia ou, pelo menos, para grandes elocubrações verborreicas. Mas, mesmo quando assim é, costuma sobrar espaço para a redundante piada de pacotilha.
Hoje foi diferente. Sem Rui Rio na audiência, a reunião da Assembleia Municipal do Porto pareceu, finalmente, uma câmara de adultos. Decorreu de forma pacífica, educada, correcta. Não foi só a ironia do autarca que faltou, ou os seus comentários laterais de gosto duvidoso; foi também a falta de vontade dos seus parceiros de bancada - Lino Ferreira, postura inatacável em qualquer cenário, invariavelmente excluído desta interpretação -, para mostrar habilidades em tentativas sucessivas de impressionar o mestre. Álvaro Castello-Branco, habitualmente disperso nessas manobras circenses, (a)pareceu reinventado. Pareceu um adulto civilizado em vez de um menino de escola carente.
Escorregou Manuel Monteiro, deputado do PSD, de lição estudada, mas demonstrando imperdoável falta de respeito pelos congéneres mais novos. A referência perjorativa à idade do socialista Pedro Couto, na sequência - ainda por cima - de uma intervenção consistente, não podia ter-lhe ficado pior.
Excepcionalmente, a expectativa esteve concentrada nas alegações do público: a comunidade de ciganos que irá ser despejada das barracas do Freixo. Houve quem reclamasse igualdade de direitos. Lino Ferreira, outra vez superior, respondeu com a igualdade de deveres. E os lesados não contestaram.
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