Na Europa, Diego Rivera é o homem de Frida Kahlo. O amante que a inspirou e a quem ela dedicou a vida. No México, Frida Kahlo é a mulher, a terceira, do muralista. A popularidade dele esmaga-a. Ninguém sabe, de cor, onde fica qualquer um dos quatro museus onde existem obras dela. Ou a casa, de inspiração paupérrima, onde viveu. “Na escola, quase ninguém sabe quem ela é. O Governo não a considera importante”, assegura Enrique Jisberto, ele próprio surpreendido com o interesse. Com Diego Rivera é diferente: a localidade dos murais está na ponta da língua. Não é um artista; é um reaccionário político. O que ficou não é bem arte; é o reflexo das suas batalhas.
A vida de Frida será efectivamente mais impressionante do que a obra. A história dos auto-retratos pintados na horizontal rende o mundo, mas não parece comover os mexicanos. Muito menos as famílias do casal que agora, por altura do centenário do nascimento dela e do cinquentenário da morte dele, se digladiam pela popularidade dos defuntos. Quem foi mais importante? Quem vale mais?
A vida de Frida será efectivamente mais impressionante do que a obra. A história dos auto-retratos pintados na horizontal rende o mundo, mas não parece comover os mexicanos. Muito menos as famílias do casal que agora, por altura do centenário do nascimento dela e do cinquentenário da morte dele, se digladiam pela popularidade dos defuntos. Quem foi mais importante? Quem vale mais?
Esta semana, a Aeroméxico, obedecendo a uma votação dos funcionários, baptizou dois dos seus aviões boeing 777 como Frida Y Diego. Alegadamente, um sozinho não permitiria criar com o consumidor uma conexão emocional. O Banco do México, o Banxico, também já anunciou que, a partir de 2009, a nota de 500 pesos, que ainda exibe o rosto do general Ignacio Zaragoze, passará a ser ilustrada com as caras de Rivera e Kahlo. Juntos parecem valer mais, mas os herdeiros não se conformam.
A Fundação Diego Rivera, fundada em 2000, tem um único objectivo, nas palavras da sua descendente de mais de 80 anos: "Provar que o meu pai foi mais importante do que Frida, que sempre foi independente dela e que não foi um depravado como foi sugerido num filme. Queremos que ele ocupe o lugar que merece. Sem ela". A Corporação Frida Kahlo, inaugurada dois anos depois, dedica-se a comercializar o nome da pintora: é tequilha, é boneca, é livro íntimo da autoria da sobrinha, Isolda P. Kahlo. É exposição "Todos somos Frida", actualmente patente no Colégio de Arquitectos de Cordoba. E outras que virão a partir de Julho.
Na casa que foi dela há bilhetes de amor eterno. Dele para ela, para a "niña Fisita"; e dela para ele: "Te ofrezo todo lo que es mio y todo desde siempre, mi cariño, qui nade y vive todas las horas, solamente porque tu existes y lo recibes". E se os respeitassem?
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