A idade serve mais para aprender a fazer de conta do que para outra coisa qualquer. Serve para aprender a calar - o que se sente, o que se pensa. Ensina a saber esperar por coisa nenhuma, a cultivar a paciência dos vencidos. Não serve para deixar de ter medo, nem para se ser mais feliz. A associação proporcional da idade à liberdade prevalece como um extraordinário mistério. Porque não existe adição de liberdade no galgar dos anos. Quanto mais velhos menos livres. Ou mais condicionados. A mesma coisa, portanto.
É como o tempo. O tempo que, quando passar, cura tudo. Mas nunca ninguém sabe quanto tempo é necessário. Não existe uma tabela. Quanto tempo é preciso para esquecer um grande amor? Ou para aprender a viver com a ausência imposta pela morte de alguém? E para um braço partido deixar de doer? Ou para o cabelo voltar a crescer?... Se o tempo fosse realmente eficaz havia tabelas temáticas.
A idade e o tempo são, talvez, as duas maiores mentiras da história da humanidade. Não sei se as perpetuam para que não fiquemos tristes - tão tristes, pelo menos; se para que nos tornemos mais idiotas.
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