Oh, juventude, juventude! Não te preocupes com nada, parece que todos os tesouros do universo te pertencem, a própria tristeza te é aprazível, a própria angústia te fica bem, és convencida e atrevida, dizes: só eu vivo, olhai... mas os dias correm e desaparecem sem deixar rasto, perdendo-se-lhes a conta, e tudo o que tinhas desaparece como a cera ao sol, como a neve... E talvez o enigma do teu encanto não seja o de conseguires tudo mas a possibilidade de pensares que consegues tudo - consiste precisamente em lançares ao vento as forças que não saberias aproveitar; consiste em que cada um de nós se considera, sem ironia, um esbanjador de tempo, e acha, a sério, que tem todo o direito de dizer: oh, o que eu conseguiria se não tivesse perdido tempo em vão!
Também eu... em que depositava as minhas esperanças, que futuro rico previa para mim quando me limitei a despedir-me com um suspiro, com uma triste sensação, do fantasma efémero e momentâneo do meu primeiro amor?
Sem comentários:
Enviar um comentário