Coelho mágico salta da toca de veludo esquecida. Voa comigo esta noite. Coelho mágico, quem sabe quando voltarás? Depois de voltares a dançar à luz da lua, a afinar os fios doces da brisa, a encher de risos graves a rua, antes ou depois de voltares a partir o coração do piano? Voa comigo esta noite. Libelinha presa numa teia de aranha húmida a pedir para ser salva. Só para deixar de ter frio. Com o bater das asas a gritar que não haverá castigo. Que desta vez, não haverá. Nuvens negras como garrotes de aço. Libelinha, há caminho de regresso da chuva? Voa comigo esta noite. Voa comigo mesmo que já tenhas voado outras noites e te tenhas perdido. E que isso te tenha doído. Não tenhas medo de te lançar outra vez contra o vento e de rir. Vá lá, voa comigo esta noite. Ninguém vê. Cavalo alado de quem nunca ninguém sabe. De quem é impossível saber a verdade. De quem se conhece de cor o cheiro. E a distância. Cavalo belo e monstruoso. Belo. E monstruoso. Voa comigo esta noite. Estrela cadente antes de apagar. Estrela efervescente à beira da estrada. A tropeçar em todos os pedaços de vida salvos ao acaso. Para o caso de um dia voltares. Voa comigo esta noite. Antes do próximo Inverno. Antes da próxima derrapagem. Antes que te esqueças de nós. Bom gigante, cavaleiro andante. Abre a mão. Deixa cair o sal. A vida não pode ficar mais estranha do que já é. Ou pode? Voa comigo esta noite. Flutua no espaço. Salta as faixas do tempo. Não importa para onde. Voa comigo esta noite. Antes que acorde do sono errante e peça desculpa. Voa comigo esta noite. Mas eu não quero voar esta noite. Contigo.
quarta-feira, novembro 21, 2007
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