Já se sabia que Miguel Sousa Tavares (MST) haveria de responder publicamente a Vasco Pulido Valente (VPV). Só não se sabia onde. Nem quando. Respondeu hoje, na Sic Notícias. E mal. Muito mal. Nos três dias que demorou a reagir, teve certamente tempo para pensar em alguma coisa melhor para dizer - senão por respeito a VPV, pelo menos, por respeito a quem o lê. Alguma coisa que não fosse, apenas, continuar a disparar tiros como se estivesse na caça. No caso, uma caça de recreio infatilóide.
Afirmações como: "Eu nem sabia que ele era jornalista."; "Ele quer ter protagonismo à minha custa."; ou "Não reconheço competência para fazer crítica literária a um romacista falhado." colocam MST ao nível vagamente arruaceiro de VPV. Assim sendo, se um não merece desculpa, o outro não merece condescendência. Até porque havia coisas para explicar. E MST não as explicou. Porque não quis ou porque não soube?
VPV pode ser, em determinadas situações, um tonto. Um desbocado que sente genuíno prazer em dizer mal, às vezes, só porque sim. Prazer em contrariar. E neste caso até pode estar unicamente movido por uma birra pessoal que nos ultrapassa. Mas isso não pode servir para que se lhe questione a qualidade intelectual, porque é intelectualmente desonesto fazê-lo. E também não me parece que alguma vez ele tenha desejado ser romancista. É um historiador, sempre foi. E como historiador, as coisas que diz, filtrando naturalmente o veneno, não podem ser ignoradas.
As quatro páginas que escreveu no Público no passado sábado são, obviamente, questionáveis. Por tudo. Para mim, sobretudo pelo que a opção editorial do jornal diz do próprio jornal. Mas levantou questões, mais de conteúdo do que de forma, a que era importante dar resposta. Até porque se em o "Equador" MST afirmou não ter a intenção de ser, do ponto de vista histórico, rigoroso (e mesmo assim emendou os erros), em o "Rio das Flores" assegurou exactamente o contrário. Que não tenha aproveitado a boleia da entrevista para esclarecer os leitores (onde me incluo), é uma tremenda desilusão.
Em meia hora de conversa [a entrevista foi às 23 horas] não tinha tempo para responder a tudo. Talvez nem tivesse resposta para tudo. Mas à frente de Ana Lourenço, jornalista doce, incapaz de o encostar à parede, podia ter escolhido três ou quatro intems em que se sentisse mais confortável para tentar desmontar a teoria de VPV. Não o tendo feito, para quem não sabe de cor e salteado a História de Portugal (como eu) é mais fácil acreditar no historiador. Como pode MST acreditar que isso não o fará perder potenciais leitores?
Dois «meninos» grandes que se afrontam mutuamente.
ResponderEliminarUma coisa totalmente despojada de sentido.
cada um tem o valor que os outros lhes possam reconhecer ou não.
Tipicamente portuga.
Abraço,
José Carreira
(www.cegueiralusa.com)
Para mim a entrevista a MST valeu bem a pena.Porque vale sempre a pena aquele rosto doce, aquela voz de veludo, aquela competência discreta da verdadeira jornalista que é a Ana. Quanto aos "escritores" são iguais, umas primas-donas. Que se entendam, que se comam, tanto faz. amp
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