Todos se têm em demasiada boa conta. Estrela douradas num Portugal que obviamente não os merece. Nenhum deles quer a vida nos jornais. Nenhum deles quer o ego na rua à mercê do juízo de um qualquer. Qualquer um deles acha que está acima dos outros e, mais ainda, acima de todos nós. E, no entanto, nenhum resiste a colocar a vida nas páginas a que tem acesso. E a torturar-nos com isso, como se isso realmente nos interessasse. A nós, o país que obviamente não está à altura deles.
O circuito é delicioso. Ei-lo:
Vasco Pulido Valente (VPV) foi casado com Maria Filomena Mónica, Mena Mónica para ele (MM). Depois trocou-a por Constança Cunha e Sá (CCS) com quem está agora "bem casado". Está bem de ver, elas, as mulheres, MM e CCS odeiam-se. E já o escreveram nos jornais.
VPV, a convite de Miguel Esteves Cardoso, escreveu um livro de memórias nos anos 90 ["Retratos e auto-retratos"] . Quando MM decidiu, ela própria, escrever o seu BI [Autobiografia, 2005], ele, homem do seu passado, não achou mal. Até ler a coisa. Não gostou nada de se ver ali retratado e lá se foi uma amizade de 35 anos! Ela contou isto em várias entrevistas. Ele, este sábado, no Expresso, também. Foi-se a amizade, mas não os interesses comuns. Ela publicou um livro sobre a vida de Eça de Queirós [2001]. Ele prepara-se agora, também, para escrever a biografia do autor de "Os Maias". Além disso, ambos, juntamente com o actual marido de MM, António Barreto, partilham um gabinete de investigação na Universidade Nova de Lisboa.
VPV e Miguel Sousa Tavares (MST) não se podem ver, só eles saberão porquê. VPV escreveu que o best-seller "Equador" [2003] era literatura de aeroporto na sua crónica dominical do Público. MST escreveu na sua crónica do Expresso (e também numa entrevista) que VPV só conhecia Oxford e o Gambrinus. Apesar de lavarem roupa suja nos jornais, VPV ficou surpreendido quando MST não o cumprimentou num restaurante (o Gambrinus?!) e apesar de catalogar a escrita de MST como descartável e egocêntrica, garante que já leu o recém publicado "Rio das Flores". Não quer ainda opinar sobre o livro, mas assegura que brevemente iremos perceber porquê.
MST e Clara Ferreira Alves (CFA) são, diz VPV, as únicas pessoas que algum dia ficaram zangadas com ele. Com as suas opiniões demolidoras. MST há-de vingar-se um destes dias; CFA, ofendida por VPV ter insinuado, entre outros mimos, no defunto blogue "Espectro", que ela não seria licenciada, moveu-lhe um processo judicial.
Não é fácil perceber o que os distingue da menoridade do país. Mas a novela há-de continuar e, talvez, um dia, consigamos perceber...
P.S.: Gosto muito do Miguel Sousa Tavares: do personagem, dos livros todos, das crónicas. E das crónicas da Clara Ferreira Alves. Li o BI da Mena Mónica e também não desgostei. Nem da vida dela, nem da do Eça contada por ela. E acho piada ao Vasco Pulido Valente. Talvez seja o que tem maior obra publicada, mas aquele que conheço menos.
MST e VPV são ambos comentadores e colunistas acutilantes,mas, como é próprio do género humano, também erram e, muitas vezes, escrevem e falam daquilo que não conhecem!!!... VPV tem solidez histórica e cultural. MST é um livre-pensador, irreverente como o era o pai Francisco Sousa Tavares. Mas claro que não se é génio literário porque se quer... Só lhe fica mal vir a terreiro defender a própria obra cuja genialidade(?) só o tempo poderá provar... Não é génio quem quer, que isto de Arte, e Intemporalidade tem que se lhe diga...
ResponderEliminarPois continuem os dois a escrever, cada um à sua maneira...e deixem-se de roupa suja, polémicas estéreis...Os tempos e as circunstâncias já não são as de Eça de Queirós, Ramalho Ortigão ou António Sérgio! Ainda que as misérias do género humano sejam imutáveis...Todavia hoje é ainda maior o risco de indigência cultural...
Por último, também não escreve ou publica opinião...quem quer...Isto também tem muito que se lhe diga. Pois fiquem suas excelências com as suas pessoalíssimas opiniões...que eu prezo muito as minhas. H.G.