sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Rui Rio na Sic

Rui Rio esteve hoje em directo no Jornal da Tarde da Sic a lamentar o facto de não ter sido recebido pela Rede de Alta Velocidade (RAVE), enquanto presidente da Junta Metropolitana do Porto, para discutir o projecto do TGV. Até aqui, tudo bem.
Beneficiando da presença do presidente da Câmara em estúdio, Clara de Sousa aproveitou para esclarecer duas questões laterais consideradas importantes para a cidade: as consequências das obras no mercado do Bolhão e o desfecho do thriller Túnel de Ceuta. Aparentemente, tudo bem também.
Intriga-me, no entanto, que a jornalista não tenha colocado uma questão, igualmente importante, sobre a Casa da Música, da qual a autarquia é accionista. Sobretudo depois da entrevista de Pedro Burmester - a primeira como director artístico e de educação do equipamento -, ao Jornal de Notícias.

É verdade que não sou propriamente uma dessas pessoas para quem pedir desculpa é uma tarefa fácil. Não sei se isso faz de mim uma pessoa pior, mas sei que faz de mim alguém capaz de reconhecer claramente essa nobreza de carácter nos outros - excepto quando o exercício me levanta mais dúvidas do que concertações. E o pedido de desculpas público de Pedro Burmester a Rui Rio não me convenceu. Antes de tudo, porque tenho dúvidas de que haja alguma coisa sobre a qual pedir desculpa. Pedir só por pedir não me parece nada bem. Pedir só para atenuar a ira de alguém parece-me ainda pior. Parece-me, aliás, uma forma de a sustentar e de levantar um perigoso precedente. Pedir desculpa como "moeda de troca" seja do que for pode ser muita coisa - mas nunca será um acordo de cavalheiros.
Intriga-me tanto que Rui Rio não tenha aceite, ou não, também publicamente - já agora, seria justo...-, as desculpas do pianista, como me intriga o facto de o autarca, depois da longa batalha com Isabel Pires de Lima - com direito a out-door e tudo -, não tenha manifestado efusivamente a sua vitória. E foi uma vitória. Clara.

Há demasiados comportamentos esquizofrénicos e demasiados silêncios por esclarecer no reino portuense. Serão os segredos guardados a cadeado num almoço com o conciliador António Costa? Mesmo que sejam esses, não auguram nada de bom. Entre o segredo-alma-do-negócio e a verdade doa-a-quem-doer, prefiro sempre a última. No caso da Casa da Música espero estar enganada. Veremos até onde aguentam os estômagos.

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