Durão Barroso descobriu que não é o presidente da Comissão Europeia: é um técnico de ventilação. As suas declarações, há dias, em que colocava as culpas da crise portuguesa num ventilador, esperando que estas se espalhassem à sua volta e não o atingissem, mostram que ele acredita que é possível apagar a história. É óbvio que foram as opções erradas, em termos políticos e económicos, que fizeram com que Portugal se afundasse na crise.
Mas Durão Barroso não é um eremita nos Himalaias: foi chefe de Governo entre 2002 e 2004, assinou por baixo a política do betão que hegemonizou a economia nacional, debandou rapidamente para Bruxelas, não sem antes ter deixado uma bomba-relógio política que criou o período de Sócrates.
Mas porque Bruxelas é uma caixa de ressonância de Berlim. Depois, Barroso tenta usar o ventilador de uma forma mais sofisticada: quer que os resíduos não atinjam a Europa. Nada mais impossível.
A Europa é parte do problema e não da solução. Foi com Barroso à frente que a UE pediu para que os governos fizessem investimento público. O resultado foi um aumento brutal da dívida pública. Depois, sob a batuta alemã, fez da austeridade cega a única política europeia. É este monte de resíduos que Barroso quer eliminar. Como se a memória se atirasse para o ventilador.
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