Julia suspira, mas não de felicidade. Os dedos dela acariciam uma aliança imaginária. Voltar a apaixonar-me por ela, que nunca deixei de amar, não me custa nada. Para ela, que conseguiu pôr-me de lado, que até mudou de nome, teria custos incalculáveis. (...) Não vale a pena pensar nisso, agora que tudo começou. Mas se nada tivesse começado? E se não dormíssemos juntos, nós cujos sangues pulsam ao mesmo ritmo? Que comovente, que casto, triste, pungente, belo - seria altamente louvável, falso, agonizante, constrangedor. (...) De vez em quando as minhas dúvidas dispersam-se e aprecio a cena de uma perspectiva em que o passado se ergue para favorecer em vez de assombrar, e todas as impossibilidades parecem novamente possíveis.
[Diz quem sabe que é o pior livro de Seth. Eu, que só li este, ainda, acho-o maravilhoso. Tão maravilhoso quanto um livro brutalmente triste pode ser. Maravilhoso também pelo regresso a Viena, um dos poucos sítios do mundo onde me senti verdadeiramente em casa.]
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