[Electra, Olga Roriz]
“Be Your Self”, da Australian Dance Theatre, marca hoje, às 22horas, o arranque da 1ª edição do GUIdance. Criado por Garry Stewart, director artístico da Australian Dance Theatre, “Be Your Self” é uma performance extraordinária que explora a natureza do ser humano e da sua individualidade. Nas fronteiras da dança contemporânea, “Be Your Self” conjuga dança, música, palavra, vídeo e arquitectura numa experiência tridimensional intemporal. “Be Your Self” foi co-produzido por diversas instituições e espaços culturais internacionais, entre as quais se inclui o Centro Cultural Vila Flor.
Amanhã, Amélia Bentes apresenta “Mapacorpo”, cruzando dança com desenho digital, em tempo real, e música ao vivo. “Mapacorpo” é um dueto no feminino, Amélia Bentes e Leonor Keil, duas intérpretes e criadoras com percursos idênticos e estética comum, mas distintas na sua fisicalidade. Além do dueto, actuam, em tempo real, o músico Vítor Rua e o desenhador digital Jorge Gonçalves.
No sábado, dia 12, o espectáculo “Rosas danst Rosas”, de Anne Teresa de Keersmaeker, protagoniza um dos momentos altos do Festival. Criado há quase três décadas, “Rosas danst Rosas” é hoje considerado um clássico da dança contemporânea. Em 1982, com “Fase” – a sua primeira criação – a então jovem coreógrafa e bailarina Anne Teresa de Keersmaeker era já uma revelação, devido ao impacto da linguagem gestual repetitiva e pós-modernista presente no espectáculo. Um ano mais tarde, a coreógrafa voltou a causar surpresa com “Rosas danst Rosas”, cuja obra é de uma força notável. “Rosas danst Rosas” conheceu de imediato um enorme sucesso internacional. Ao longo dos 28 anos que separam esta obra da sua criação, a coreografia foi apresentada, inúmeras vezes, pelo mundo inteiro.
O GUIdance prossegue, na semana seguinte, nos dias 16 e 17 de Março, às 22h00 e às 11h00 respectivamente, com “entre todas as coisas”, estreia nacional, o segundo objecto coreográfico criado no âmbito do Projecto B, de Teresa Prima. O Projecto B, em desenvolvimento desde Janeiro de 2009, é um projecto de pesquisa, experimentação, sensibilização e criação coreográfica cuja força motriz é a procura da beleza. Depois do solo “na terra o olhar o céu”, apresentado no CCVL em Setembro do ano passado, Teresa Prima empreende uma nova busca, agora a três. Com Isabel Costa e Teresa Santos.
Olga Roriz regressa a Guimarães a 17 de Março, às 22h00, para apresentar duas criações na mesma noite. Na primeira parte do espectáculo, Olga Roriz interpreta o solo “Electra”, criação inspirada na mitologia clássica, temática não raras vezes utilizada nas criações artísticas da coreógrafa e que acentua uma transversalidade dos temas clássicos, latente em toda a vivência do ser humano, que marca indelevelmente a trama cultural contemporânea. Na segunda parte, a coreógrafa apresenta a sua própria versão d’ “A Sagração da Primavera”, de Igor Stravinsky, uma das mais importantes obras sinfónicas do século XX. “A Sagração da Primavera” encerra uma trilogia de bailados que Igor Stravinsky compôs para a companhia dos Ballets Russes, de Sergei Diaghilev. O espectáculo estreou em Paris, em 1913, e agitou o mundo da música e da dança. Ainda hoje, a riqueza harmónica e a densidade dos ritmos provoca surpresa ao primeiro contacto.
Os solos “Ar ao Vento”, de Lígia Soares, e “Era Uma Coisa Mesmo Muito Abstracta”, de Andresa Soares, sobem ao palco do CCVF, no dia 18 de Março. “Ar ao Vento”, de Lígia Soares, alimenta-se da palavra como ferramenta de pensamento abstracto. A intérprete, sentada, enceta um “diálogo” com o público. Dá-se início a um jogo de palavras que parece inverter o papel entre o palco e a plateia, a performance e o espectador. A ideia de corpos em acção perante um público reunido é constantemente desconstruída pelo discurso “vazio” que se alimenta de promessas por cumprir. “Era Uma Coisa Mesmo Muito Abstracta” é um solo de Andresa Soares, com música original de João Lucas. Este solo coreográfico desafia o estranho mundo da abstracção através do “movimento pensado” a cada momento. Da soma de expressões corporais, sem a tentativa de formalização, desvela-se uma narrativa que encontra na música uma perfeita cumplicidade.
No dia 19 de Março, às 22horas, “Babel (Words)”, de Sidi Larbi Cherkaoui e Damien Jalet, para a companhia belga Eastman, encerra a 1ª edição do GUIdance. “Babel (Words)” é um espectáculo que explora a linguagem e a sua relação com a nacionalidade, a identidade e a religião. Tomando como ponto de partida a lenda da Torre de Babel – em que Deus castiga os que construíram uma torre em seu nome, causando o caos e separando-os em diferentes línguas, culturas e terras – a coreografia de Sidi Larbi Cherkaoui e Damien Jalet nasceu logo no primeiro dia de ensaios quando um microcosmo de 18 bailarinos de 13 países, com 15 línguas diferentes, sete crenças religiosas e vários estilos de dança, se reuniu aos coreógrafos e ao artista visual Antony Gormley para juntos embarcarem numa nova viagem. E foi neste turbilhão de identidades, nacionalidades e culturas que encontraram a sua inspiração para um espectáculo que deslumbra pela sua graça, virtuosidade acrobática, eclectismo de estilos e energia inesgotável.
Os bilhetes para o GUIdance encontram-se à venda no Centro Cultural Vila Flor, nas lojas Fnac e no site www.ccvf.pt onde é possível consultar toda a programação.
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