domingo, dezembro 10, 2006

"Eu, Carolina Salgado"

Não há nada na história publicada esta semana por Carolina Salgado que não seja absolutamente repugnante. Como portista lanço já um repto ao FCP para que proíba a dita senhora de entrar no Estádio do Dragão. Mas isso será, apesar de tudo, o que menos importa.
O que me choca no livro que custa onze euros e cuja primeira edição de oito mil exemplares parece já estar esgotada? Antes de tudo que a D. Quixote, supostamente uma das editoras mais reputadas do país, que alberga escritores como António Lobo Antunes ou Rodrigo Guedes de Carvalho, tenha aceite publicar a obra. Ceder ao lixo é ser lixo. E, pessoalmente, não voltarei a contribuir com um único tostão para a prosperidade da empresa.
Depois, num país (à semelhança de muitos outros, é certo) onde se sabe que qualquer morcão pode escrever e publicar o que lhe passar pela cabeça - recordem-se os exemplos das criaturas do Big Brother - choca-me a facilidade da instituição desta cultura em que os livros tendem a substituir-se aos tribunais para denunciar comportamentos e condenar pessoas. Para quê recorrer às instituições próprias, com a discrição que exigem, quando se pode ganhar dinheiro com a denúncia e ainda acalentar a esperança de ser considerado uma espécie de herói nacional? No mesmo país (por oposição a muitos outros) onde a cultura é vista como um sério inimigo a abater já não me surpreende, embora me provoque náuseas, que o povo vá a correr comprar a coisa.

Estou pouco interessada em saber se Carolina Salgado é ou foi uma puta. De primeira classe ou de classe nenhuma. Como estou pouco interessada em saber se Pinto da Costa aprecia esse tipo de escumalha. Puta ou não, Carolina é claramente escória. Porque só a escória não sabe estar à altura da sua própria privacidade e, infinitamente pior, da privacidade dos outros. Os relatos, paupérrimos, que vi transcritos nos jornais, da flatulência do presidente do FCP, dos bilhetes de amor que escreveu ou da sua higiene íntima deviam ser punidos por lei.

A mulher que agora se lembrou que é "mãe acima de tudo", uma mãe a lutar pela honra dos filhos - coitados!... -, bem como as pessoas que a estarão a instrumentalizar, deviam acabar no mesmo local onde eventualmente desejam que Pinto da Costa vá desaguar. Por co-autoria dos crimes, claro, mas também por existirem.

10 comentários:

  1. E Pinto da Costa o que é se não escória?!? Estão bem um p o outro, não vê? Será que a sua clubite a está a afectar a sua análise?? A ser verdade o que a essa senhora denuncia, não acha grave? Não a envergonha enqt portista?

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  2. Sinceramente também acho muito mais escandaloso que neste país não haja um verdadeiro julgamento para este senhor, muito mais do que se falar em público da sua flautulência...
    Além disso, nos noticiários que vi, foi dado bastante mais destaque às acusações sobre os árbitros, à fuga para Espanha ou ao caso Ricardo Bexiga, ao contrário deste post que decidiu destacar o "caso" flautulência.

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  3. Cara Helena

    O seu "post" está excelente, como lhe é habitual.

    Naturalmente que quando trata deste tipo de assuntos, é de esperar que apareçam comentários do género dos anteriores, adiante...

    Quanto à reputação da D. Quixote, enfim, o dinheiro fala mais alto e não tenho dúvidas que a Srª Dª catarina Salgado vai ombrear no panteão dos grandes escritores de lingua portuguesa ao lado das Margaridas Rebelo Pinto, dos Migueis Sousa Tavares e outros Josés Rodrigues dos Santos...

    Enfim uns mais assumidos que outros, claro

    AM

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  4. Helena, concordo consigo, e não, não sou do FCP. Por mais graves que sejam as acusações tecidas por Carolina, e que o são de facto, ao fazê-lo, esta só vem mostrar que é uma pessoa sem escrúpulos, que não merece qualquer tipo de respeito, porque menospreza 6 anos de coabitação, expondo tudo o que viveu com este homem, sem papas na língua. Pena que lhe esteja a ser dada grande importância, ela está efectivamente a sair de tudo isto como uma heroína, beneficiando inclusivamente do Estatuto de Arrependida...! Para além de outros pormenores altamente desinteressantes que relata, descreve ainda um episódio que deve ser bem do seu agrado, em que um cliente desta alterneira a convida para jantar, e esta ao escolher o restaurante, sugere o "Regalo do Boi". O cliente confuso, pergunta onde se situa tal sitio, respondendo Carolina, "No Cu da Vaca!"... Deve sem dúvida ter achado uma enorme piada à sua "boca", a ponto de a relatar no livro. Enfim, quanto às acusações mais graves, esperemos que venham a ser julgadas convenientemente, e não com julgamentos-fachada tipo Casa Pia. Sim, porque começo a convencer-me que há pessoas neste país que são intocáveis. Quanto à editora Dom Quixote, ja perdera toda a minha consideração ao publicar "Amanhã à Mesma Hora - Diário de uma Stripper Portuguesa" , de Leonor Sousa, concorrente da Quinta das Celebridades...

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  5. Provavelmente este é o melhor texto que vi escrito sobre o tema.

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  6. Cara Filipa, o seu comentário merece-me um reparo, estatuto de arrependida não existe, julgo que existiu no caso excepcional das FP25 e aplicava-se aos arguidos que decidiam colaborar com a justiça. Portanto, se a D. Carolina está arrependida, isso servirá, se e quando for arguida (espero que em breve), para, caso o Tribunal entenda que a acusação procede, atenuar a pena, e isto se, realmente, o seu arrependimento convencer o Tribunal.

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  7. O texto está muito bem escrito, encontrei-o enquanto fazia umas pesquisas .
    Só me apraz dizer que esta pessoa de Carolina seu nome é uma badalhoca por expor assuntos íntimos em livro.
    Se Pinto da Costa é culpado ou não ( inocente até prova em contrário) a nossa PJ ( uma das melhores do Mundo) irá concerteza esclarecer muitos factos e tomar as medidas adequadas.
    Pinto da Costa foi a meu ver um homem completamente apaixonado, só assim se explica como se deixou enredar por esta auto-denominada "conselheira profissional" .
    Quem é que esta quer enganar?! A roupa suja lava-se em casa enquanto que os assuntos do interesse publico denunciuam.se na esquadra.
    Parabéns pelo blog !!!

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  8. O mais triste é que vou ter que comprar o livro para o ler. Logo se prova que podem ser todos escroques, da editora à autora, ao Pinto da Costa. Mas o livro é indiscutivelmente util, nem que seja pelas discuções e ecos que vai ter.

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  9. ate os caes que comem amao respeitam os donos!

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  10. ate os caesque comen a mao respeitam os donos

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