terça-feira, dezembro 19, 2006

MEC, o verdadeiro


Ontem, na Fnac, procurei o novo livro de Pedro Paixão, "Asfixia", porque me tinham dito que continha uma crónica dedicada a Miguel Esteves Cardoso. E é verdade. Está lá. Será talvez a única coisa que se aproveita das várias dezenas de páginas.
Pedro Paixão diz que tem saudades dele, do seu génio, do seu riso, do seu lado insuportável. De quando passavam os domingos à tarde a escrever. E de como acreditavam que a literatura os haveria de salvar. Não lhe perdoa que tenha casado com a mãe do seu filho. Diz que tem saudades de o abraçar só mais uma vez e que espera um dia ver publicados todos os textos que lhe guardou do computador da casa que durante muito tempo partilharam. E que ainda possui.
A crónica comoveu-me. Comecei a ler o Paixão por causa do MEC. Deixei de o ler quando percebi que a loucura de um estava a milhas da estultícia do outro. Nunca deixei de ler o MEC. Nem mesmo quando reuniu para publicação as crónicas que durante tanto tempo fui guardando como pedras preciosas. Nem quando, como o próprio disse esta semana ao DNA, numa entrevista notável, começou a ser "mais difícil ser diferente".
É inegável: há mesmo uma geração MEC. A geração de quem, como eu, quis começar a escrever por causa dele. Como ele. Por muito que ele já não seja o que foi, será sempre a causa de tudo. Na Assírio & Alvim acaba de publicar "A minha andorinha".

Sem comentários:

Enviar um comentário