Está em curso, na internet, uma petição para contestar a decisão da Câmara do Porto de privatizar o Rivoli. No momento em que escrevo existem 384 subscrições. Não estou certa de que o número seja ainda simpático, mas espero que engorde e que a vigília marcada para amanhã, às 19 horas, em frente ao edifício, seja efectivamente representativa da dimensão do descontentamento.
No entanto, ao ler alguns comentários deixados por alguns subscritores, ocorreu-me alertar para um possível equívoco: uma coisa é contestar a solução, obviamente execrável, do Executivo liderado por Rui Rio. Outra coisa, bem diferente, é sustentá-la com a "programação de qualidade" que, supostamente, o Teatro Rivoli tem apresentado nos últimos tempos.
Não tem havido, globalmente, programação de qualidade no Rivoli. Manter um ou outro evento, como o Fantasporto ou o FITEI, não basta. Como não basta, embora seja obrigatório, acolher as peças das companhias de teatro independente da cidade. Há muito tempo que a directora, Isabel Alves Costa, não tido sequer orçamento para cumprir as funções que lhe cabem, ou seja, produzir e programar. O que tem havido no Rivoli são pequenos apontamentos, estrelas cadentes, acontecimentos fugazes e porventura felizes. O resto, o imenso resto, infinitamente superior à produção própria a que o equipamento está obrigado pelos estatutos, tem estado circunscrito a espectáculos de aluguer de qualidade duvidosa.
O que deveria estar em causa não é, portanto, apenas, a eventual marcha-atrás da Câmara em relação ao Teatro Municipal. O que é urgente exigir é a demissão imediata do vereador da Cultura, Fernando Almeida, cujas competências, claramente reflectidas na apatia cultural da cidade, não existem.
(Perdoem-me o cinismo, mas é irresistível: bem-feito para todos os que deram maioria absoluta a uma equipa que já tinha demonstrado no mandato anterior as proezas de que era capaz.)
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