Maria João Pires disse que, cansada "dos malefícios que Portugal" lhe estava a provocar, vai emigrar para o Brasil, onde, de resto, já parece ter comprado uma casa e onde se encontra actualmente de férias. Já anteriormente, igualmente saturada, tinha ameaçado ir viver para Espanha. Aliás, a pianista está há sensivelmente seis anos - altura que fundou esforçadamente o Centro de Belgais, perto de Castelo Branco -, a fazer ameaças: que vai embora, que vai deixar de tocar no país, que vai encerrar o projecto.
Os argumentos de Maria João Pires são compreensíveis... até certo ponto. Criar um projecto cultural em Portugal é sempre um risco e uma caminhada solitária. Avançar, sabendo-o, é um acto de coragem. Desistir, depois de goradas as expectativas, pode ser aceitável. Ameaçar sucessivas vezes ir embora e nunca o concretizar, criando um circo mediático à volta da ameaça, é que já não pode merecer respeito. Como não merece respeito a circunstância em que, aparentemente, o fez desta vez.
Maria João Pires deixou, há um mês, numa assembleia geral, a presidência do Centro de Belgais para o Estudo das Artes. E indicou o coordenador artístico, o maestro César Viana, como novo responsável directivo da associação. Mas não disse a nenhum elemento do projecto que iria viver para o Brasil. Anunciá-lo na Antena 2, deixando as pessoas que com ela se empenharam no projecto surpreendidas, é inadmissível.
portugal mal amado.. pouco onde ir buscar aquela preciosa nutrição que só a cultura é capaz de satisfazer.
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