sexta-feira, julho 28, 2006

Miguel Veiga, "o menino velho"


A minha afinidade com o Partido Socialista é pública. O enorme respeito, quase no limiar do afecto, que me inspira Miguel Veiga, fundador do PPD-PSD juntamente com Francisco Sá Carneiro, nem por isso. Mas a verdade é que existe, mesmo considerando, entre outras coisas reprováveis, o facto de ter sido mandatário da candidatura de Rui Rio à Câmara do Porto. Falei com ele, apenas, duas vezes, por telefone, e foi assim uma espécie de amor (salvo seja) à primeira audição.
Na edição de ontem da Visão, o advogado "mimado", que ama Paris e as mulheres, concede uma entrevista notável, mais pessoal do que nunca, a Miguel Carvalho. O único 'senão' vai mesmo para o jornalista. Acho que é uma tendência dos tempos modernos: os jornalistas batem-se pelas cachas com o mesmo furor com que se batem pelas últimas entrevistas. Mas tratar os 70 anos de Miguel Veiga, "desflorado aos treze por duas meninas inglesas de olhos azuis", como se fossem 98 - logo ele, que diz recusar ter mais de 20 anos -, e o homem estivesse já com os pés na cova não me soou nada bem. O meu pai tem 69 anos e não me passa pela cabeça outra coisa que não seja tê-lo comigo, como ele assegura diariamente, pelo menos, mais três dezenas de anos.
Miguel Veiga sobre a amizade: "A amizade é o lugar da terra onde mais gosto de viver. São os meus amigos que me têm feito". E sobre as mulheres: Era e sou ultra romântico, muito táctil (aponta para os dedos). Não era pelos amores etéreos, Tristão e Isolda, essas coisas. Os corpos são fundamentais. O corpo da mulher é, para mim, mais do que uma atracção, um mistério não resolvido. É o território onde um homem se perde, mas sempre se salva". Sobre a infância: "Se há paraíso, a minha infância e a minha juventude foram o paraíso. Continuo a trazer a infância pela mão. Sou um menino velho". E sobre o mimo: "As pessoas dão-me mimos e eu ponho-me a jeito. Peço. Sou como os gatos, porque gosto que me façam festas. O mimo é a melhor temperatura do mundo".

1 comentário:

  1. meu deus, que enorme engano é a tua avaliação do menino velho - que de menino nada tem.

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