domingo, janeiro 29, 2006
quarta-feira, janeiro 25, 2006
País virado do avesso
Motivos para votar em Cavaco II
Motivos para votar em Cavaco I
terça-feira, janeiro 24, 2006
Foi uma estupidez
segunda-feira, janeiro 23, 2006
O primeiro dia dos próximos cinco (dez?) anos
Manuel Alegre - 20,72%
Mário Soares - 14,34%
Jerónimo de Sousa - 8,59%
Francisco Louçã - 5,31%
Garcia Pereira - 0,44%
sábado, janeiro 21, 2006
Aldina Duarte
sexta-feira, janeiro 20, 2006
Candidatos num minuto
Jerónimo de Sousa
O poder das rosas
Cavaco II
Cavaco Silva numa sociedade mendiga e atrasada
quarta-feira, janeiro 18, 2006
"O tempo de Mário Soares"
A propósito de lucidez, o ensaísta tem 83 anos; o político tem 81. Num país em que qualquer gato pingado, a partir dos 50 anos, já dá três tostões a quem lhe garantir uma reformita antecipada, isto dá que pensar. Sobretudo quando são esses pré-reformados que recusam votar em Soares por causa da sua idade. Quem não gosta de trabalhar, tem aversão a quem trabalha. E a quem luta. Até ao fim. É triste, mas é verdade. É o sinal de um país que recusa ter memória.
terça-feira, janeiro 17, 2006
segunda-feira, janeiro 16, 2006
Descubra as diferenças
quinta-feira, janeiro 12, 2006
Novo DN
quarta-feira, janeiro 11, 2006
A vingança
terça-feira, janeiro 10, 2006
Helena Sá e Costa 1913-2006
Maria Filomena Mónica
Assim, de repente, a quem poderia interessar o Bilhete de Identidade dissecado de Maria Filomena Mónica? Mais depressa interessaria a biografia de Isabel Figueira, sobretudo se fosse ilustrada. Aparentemente, entre a vida de uma socióloga e a vida de uma manequim venha o diabo e escolha. Mas desde que o casamento desta última fez manchete num jornal diário, tudo é possível! Adiante. Maria Filomena Mónica descreveu a história da sua vida (e, de certa forma, da vida dos outros) entre 1943 e 1976. E acompanhou-a da história de Portugal no mesmo período. Não gostando particularmente dela, não consigo ser clara em relação ao motor que me fez adquirir o livro. Talvez uma crónica de Francisco José Viegas no JN, talvez a desmultiplicação da senhora em entrevistas por todos os lados, talvez as críticas tão contraditórias. Não sei. O facto é que o comprei. Facto maior é que ao fim de três dias o havia já acabado de ler. E não devo ser a única. "Bilhete de Identidade. Memórias 1943-1976", editado pela Aletheia, em Outubro do ano passado, figura em todos os tops de venda das livrarias nacionais. Maria Filomena Mónica é loura, é bela, é sensual. Mesmo agora, com mais de cinquenta anos. E sabe-o desde quase sempre. Por isso, o seu auto-retrato é presunçoso, egocêntrico, ufano. Isso significa que o livro é mau? Não. É, isso sim, um livro fácil de atacar. Porque é descarado num país em que o pó da alma, e do resto, se esconde sempre por baixo dos panos. Porque é sincero, mesmo quando as passagens de diários escritos na adolescência poderiam fazer corar de vergonha a própria autora. Porque é despudorado - tão despudorado quanto é possível ser o relato de qualquer experiência sexual. Quanto mais de várias. É ainda mais fácil de atacar porque a liberdade a que todos se permitem nos sinais exteriores de vanguarda (geralmente circunscritos à casa, ao carro, à roupa e, vá, com alguma sorte, a duas ou três teorias intelectuais decoradas para verter na mesa de café) não é extensível à abertura com que digerem termos como menstruação, traição, fracasso, dívidas, família, ambição. O facto de não ser comum admitir-se qualquer um destes itens, não quer dizer que eles não proliferem em cada um dos nossos lares. As memórias de Filomena Mónica poderiam ser só, portanto, a história de uma menina loura que não queria ser reconhecida pelas suas qualidades estéticas (embora lhe desse prazer usufruir delas) mas pelas suas capacidades intelectuais, tarefa tanto mais difícil quanto o facto de os seus parceiros terem sido proeminentes figuras como Vasco Pulido Valente. Mas as suas memórias são mais do que isso. Não são apenas factuais, como é óbvio. Não se espera isenção de ninguém no relato da sua própria existência. São o retrato do suposto creme de la creme da Lisboa daquela altura. Estão lá os Sampaio, os Vaz Pinto, os Vasconcelos e muitos outros, hoje reconhecidos por todos. O retrato de um nicho para quem o status social determinava as regras e os direitos. E quase tudo. Insegura em relação à sua própria condição social - Adquirida ou herdada? Seria ela uma menina 'bem' como as suas amigas ou 'bem' mas não tanto como elas? -, e desconfiada, tantas vezes, da bagagem que temia não ter, Filomena Mónica partilha a escalada de uma montanha, nem sempre fácil. E partilha também as oscilações políticas, dela e do país. Partilha ainda a futilidade a que estavam votadas as mulheres de então, para quem ingressar no ensino superior (as que podiam) era visto como um capricho, e desmistifica o meio académico, ao qual, apesar de tudo, continua a pertencer. No fim, fica um travo estranho a atestado de inocência. Como se tentasse provar (aos outros ou a ela?) que tudo o que fez, fez por uma causa maior. Por um lado, seria a confessada necessidade de saber; por outro, a necessidade de um cobertor humano quentinho a atenuar-lhe as quedas. Será assim tão diferente dos outros? Também não. A única diferença é que, por mais umbiguista que seja, admitiu-o. Perante o país que a quiser ler. |
domingo, janeiro 08, 2006
Pessoas insubstituíveis
A propósito do periclitante estado de saúde de Ariel Sharon e da sua recente reconversão a 'homem de paz', Marcelo Rebelo de Sousa desfez, hoje, no seu habitual monólogo com a figurante Ana Sousa Dias, na RTP, um mito que há muito desejava ver triturado. Poucos clichés me deixam mais irritada do que essa ideia de que ninguém é insubstituível. Sempre achei que, para o bem e para o mal, todos, na nossa imensa insignificância, somos insubstituíveis. O professor, ao que parece, também acha. "Há pessoas insubstituíveis", disse. "O cemitério está cheio de pessoas insubstituíveis", insistiu. E só quem por desgraça exterior à vontade própria perdeu alguém no trilho que sabe finito, pode atestar como isto é verdade. E garantir que a vida continua, mas nunca mais da mesma forma. Será porventura o que irá acontecer em Israel. Com Olmert ou com outro qualquer. |
sábado, janeiro 07, 2006
Soares a salvo
Vasco Pulido Valente parece ser, quase sempre, mais pródigo em farpas do que em afectos. Mas hoje, no Público, numa crónica intitulada "Um equívoco", demonstrou ter, também, coração. Na mais lúcida das crónicas que vi alguém escrever sobre os candidatos às eleições presidenciais, VPV salva Mário Soares da mais do que provável humilhação de dia 22. E fá-lo com uma convicção que subscrevo inteiramente. Soares, diz, "não podia ter a mais remota empatia pelo 'novo homem', reduzido a uma educação técnica, com ideias sumárias sobre a sociedade e a vida, imitativo, grosseiro e dedicado a uma ambição pessoal e primária". É aqui que reside o equívoco. Soares é maior do que o aparentemente reiventado Cavaco; infinitamente maior do que o triste Alegre. Maior que o bondoso Jerónimo e que o revolucionário Louçã. Infelizmente para todos, o país não tem emenda. Mário Soares irá - a ser verdade que as sondagens, desta vez, acertam -, perder o seu último combate político, apenas, porque não percebeu que este não é o seu campeonato. E não o é, não porque seja demasiado velho ou incapaz, mas porque o Portugal dos pequeninos que ajudou a libertar das amarras da ditadura, porque o Portugal que, graças a ele, continuará, até 2013, a receber milhões de contos por dia para estourar sabe Deus em quê, continua a não ver para além do óbvio. Tal como VPV, também espero que, no fim, Soares possa sentir-se aliviado. |
domingo, janeiro 01, 2006
Ljubljana - Eslovénia
Gargalhadas infinitas, em catadupa, a escorregar na neve tenra que se acumula em cada pedaço dos sítios onde nos perdemos. Dois graus negativos de calor interior. Milhares de luzinhas azuis a emoldurar os pinheiros das ruas estreitas e das montanhas inatingíveis. E do Castelo. Os corações, de mãos dadas, ao primeiro sopro da noite, a aquecerem-se com vinho morno e 'medica'. Uma cadeia freak de presos políticos transformada em inapagável residencial de arquitectura de vanguarda. As três pontes a albergarem o fumo branco dos segredos que se dizem sem dizer. Estrelas cadentes que nunca se apagam penduradas na Igreja da Anunciação. E um fogo de artifício que era pobre, mas pareceu o mais prodigioso da arte da pirotecnia. Ljubljana é, definitivamente, a cidade do amor. |