Estive com Aldina Duarte há mais de um ano, numa tarde solarenga de Setembro, no Jardim da Estrela, em Lisboa. A fadista estreara-se há pouco tempo com um álbum de fado tradicional intitulado - e não por acaso -, "Apenas o amor".
A crítica, unânime, já a tinha abençoado. Ela sabia, mas não sabia ainda lidar com isso. As mãos sobravam-lhe, inquietas, em cima da mesa. A boca, com o coração inteiro à beira, deixava constantemente escorregar gargalhadas nervosas. Sendo grande, na voz e no resto, parecia uma menina pequenina vinda de outro planeta, deslumbrada com este que acabara de se deslumbrar com ela.
Uma entrevista, quando é publicada, por muito boa vontade que haja por parte de quem a fez, dificilmente basta para mostrar o essencial do entrevistado. De Aldina faltou-me publicar o silêncio e o brilho do olhar. Faltou-me publicar as vezes que engoliu em seco e as vezes em que se perdeu a divagar sobre a constituição das nuvens ou sobre as vacas que, aos 20 anos, percebeu que nunca vira ao vivo. E faltou-me publicar a imensa generosidade com que me recebeu, à noite, no Sr. Vinho, onde, inevitavelmente rendida, a fui ver e ouvir cantar, embrulhada num xaile preto. O mesmo que usava sempre.
Aldina Duarte comove-me desde que, pela primeira vez, a ouvi. Depois de amanhã, a fadista lança o seu segundo álbum. Chama-se "Crua".
muito obrigada por contribuir para a divulgação do meu trabalho! Parabéns p'lo seu blog e pela a belíssima entrevista que escreveu e construiu!
ResponderEliminarGostaria que visitasse e comentasse o meu novissimo site, se assim o entender e desejar!
Até sempre!