Entrevistei-o em 2001, numa altura em que só sabia vagamente quem era. Nesse ano, Lobo Antunes recusara dar-me uma entrevista por não ter lido todos os seus livros. Ao contrário, Seamus Heaney, de quem tinha um só livro, acolheu na sua simplicidade uma miúda de 23 anos, acabada de chegar à profissão, e o seu terror de não entender aquele sotaque irlandês. Seamus Heaney, Nobel da Literatura em 1995, está longe de ser dos meus poetas de eleição, mas nunca mais esqueci aquele dia que ainda hoje parece-me que não aconteceu. E a morte do homem que inspirou aquele que é apontado como o melhor discurso de Bill Clinton - "Um dia a esperança irá rimar com a história" - deixa-me triste.
Um dos meus poemas preferidos:
And some time make the time to drive out west
Into County Clare, along the Flaggy Shore,
In September or October, when the wind
And the light are working off each other
So that the ocean on one side is wild
With foam and glitter, and inland among stones
The surface of a slate-grey lake is lit
By the earthed lightening of flock of swans,
Their feathers roughed and ruffling, white on white,
Their fully-grown headstrong-looking heads
Tucked or cresting or busy underwater.
Useless to think you'll park or capture it
More thoroughly. You are neither here nor there,
A hurry through which known and strange things pass
As big soft buffetings come at the car sideways
And catch the heart off guard and blow it open
(Postscript)
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