segunda-feira, setembro 19, 2011

Sadness is a blessing*


Era sempre a mesma pergunta: isto é uma despedida? Não, nem sempre. Às vezes era. E depois não era. Um dia foi. Assim, sem aviso, ou quase. Tardaste tanto a chegar e foste tão célere a partir. Seria sempre cedo para ficar sem a parte insubstituível de mim que já eras. Achava que morreria no dia em que partisses. Mas tu partiste e eu não morri. Claro, nunca se morre de desgosto, embora devesse. Morrer ou poder matar. Não estávamos à mão, nada, mas coincidíamo-nos. E conhecíamo-nos. Como se de sempre, e ao mesmo tempo sempre pela primeira vez. Parecia amor, uma espécie de. Seria? Os amigos amam-se, nada de errado, mas nós nem éramos amigos. Éramos dois braços, esquerdo e direito, dois lábios, superior e inferior, duas metades da mesma unidade. Seríamos? A luz não teria morrido, a noite não teria descido, o silêncio não teria crescido. Eu não teria deixado de esperar por ti. Queria tanto que tivesse sido para sempre. Que não fossemos só frases dos mesmos livros, acordes das mesmas canções, trechos dos mesmos filmes, que são afinal os livros, as canções e os filmes de toda a gente. Fomos?

*Likke Li

2 comentários:

  1. Isto é muita lindo !

    beijo

    andré

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  2. Há coisas que não apanham pó.
    Voltei a este post não sei porquê, um dos teus melhores.
    Parece estúpido, mas quis responder outra vez.

    1 besso

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