domingo, setembro 11, 2011

Beijos abreviados. Não, obrigada.


Há uma diferença entre um beijo e um beijinho. Entre o original e o diminutivo, o singular e o plural. A diferença é ainda maior quando um beijo não passa de um bj. Bj ou Bjs, tanto faz, são beijos roídos, ratados, diminuídos, a despachar. Odeio bjs abreviados e beijinhos, mexem-me com os nervos, soam-me à ausência de carinho que um beijo necessariamente exige. Mas beijos usados como pontuação deixam-me a espumar. - A que horas vais? Bj. - Vou às 20h. Bj. Um beijo não é um ponto final, uma notação sintáctica, porra, não é o stop de um telegrama. Um beijo tem de ter um tom, uma intenção, um fim. Não é obrigatório e nem sempre é necessário. Gosto de beijos com tamanhos, grande, enorme, gigante. Ou só meio beijo, se o caso for complicado. Gosto de beijos num lugar concreto, na testa, na cara, na boca. De beijos com personalidade, de língua, se houver razão para isso. Gosto de beijos que vêem estrelas. De beijos com sabores, doces, salgados, agricodes. De canela, de mel, de rum. De beijos com cores químicas. Ou psicadélicas. Depende do momento. De beijos com mimos, com sorrisos. De beijos com saudades. Com temperatura certa. Arrepiados, a arder. De um beijo dirigido: beijo-te. De beijos furtivos. De beijos que não acabam. De beijos íntimos, com segredos. De beijos que não pestanejam. De beijos com cócegas. Com sol. Suados. Gosto muito de beijos com memória. Com numa canção atrelada. De um beijo com data, beijo-te amanhã. De beijos viciados, que embriagam. De beijos com cheiro, o do mar, o daquele dia ao acordar. Gosto de um beijo com um ponto de exclamação. Um beijo é coisa séria, de dentro, de um coração para outro coração. Mesmo que seja só escrito, tem de ser assim.

2 comentários:

  1. Nem mais.! Concordo com tudo. Quando me mandam bj. faço de conta que nem mandaram nada.

    Mas eu até gosto de beijinhos, de resto, está tudo lá!

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  2. Sorrio, dispenso os de canela e só me ocorre: saravá.

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