Abriu ontem em Londres a exposição Museu das Relações Quebradas. Mostra objectos que simbolizam casos, da vida real, de amor acabado. Cada relíquia tem uma explicação curta. A exposição está até Setembro no Tristan Bates Theatre, em Convent Garden, e tem origem croata. Olinka Vistica e Drazen Grubisic quiseram potenciar nas artes o que já tinha desfalecido na sua relação amorosa. Depois de se separarem, apresentaram uma exposição numa bienal em Zagreb com objectos seus e de amigos também separados. Pela origem dos organizadores - de uma região, os Balcãs, que também se partiu como corações desavindos - julguei que o museu se ocupasse também de outras relações que não só entre amantes: a de alguém com o seu país, com as ideias políticas que já não se tem, com amigos que deixaram de o ser...
Mas este itinerante Museu das Relações Quebradas (já esteve em cidades asiáticas e americanas) mantém-se exclusivamente fiel ao fim de casais. E mostra como um símbolo de amor quebrado pode ser tão violento como um sniper em Vukovar. Há lá um telemóvel com esta explicação da repudiada: "Ao separarmo-nos, ele deu-me o seu telemóvel para ter a certeza de eu não mais poder telefonar-lhe." Com o contributo dos países por onde passa, o museu também ajuda a traçar as causas nacionais das separações. Quando vier a Portugal, veremos como tanta partida de jovens para o estrangeiro deixou corações partidos e relíquias dignas de museu.
Ferreira Fernandes, hoje, no DN
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