Eu sei que tanto faz. Tanto faz, a propósito das eleições - das Europeias e das outras que hão-de vir - discutir a localização dos cartazes ("No Marquês não!", grita o Sá Fernandes); as pessoas que neles aparecem ("Se Manuela Ferreira Leite aparece é porque é ela a candidata", deduz Menezes); ou os slogans escolhidos. Desde que não se discutam ideias - não vá alguém ficar a pensar que a cada cartaz de cada partido cabe realmente um projecto concreto - está tudo bem.
Mas já agora, vazio por vazio, podia mesmo era discutir-se os slogans. E sobretudo os marqueteiros que os escolheram. Não é uma coincidência incrível que todos tenham optado pela mesma estratégia, ou seja, por escolher a frase que menos hipótese tem de querer dizer alguma coisa? Nem que seja levantar um ínfimo véu de alguma coisa? Mesmo que essa coisa seja uma promessa que não têm a menor intenção de cumprir? Cá para mim, andam por aí fugas de informação nos estaminés dos publicitários, dos LPMs e Cunhas Vaz's, ou lá quem é que decide estas coisas.
Observe-se, a título de exemplo, a eloquência socialista. A Norte, Elisa Ferreira diz: "Porto para todos". É suposto entusiasmar alguém? Mobilizar alguém? Fazer com que alguém pense: "Ah, bom, vou votar nesta senhora porque nos cartazes ela diz que... qualquer coisa de jeito, qualquer coisa empolgante". O Porto, como qualquer outro sítio, para o bem e para o mal, é para todos, para todos os que nele habitam. Lá está a estratégia de nada dizer. Para a Europa, Vital Moreira informa: "Nós, europeus". Quase custa a acreditar! Extraordinário era se ele tivesse um enigmático slogan, do tipo: "Nós, americanos". E aí, nós, eleitores, ficariamos a pensar que talvez ele tivesse um qualquer trunfo na manga, ainda que Obama e a América não sejam para aqui chamados. Mas pelo menos lançava a confusão, a dúvida, o desafio. E sempre era algo mais divertido para discutir do que termos que levar agora com o Sá Fernandes e a sua geografia constitucional.
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