sexta-feira, março 17, 2006

Plasticina II

O público: houve pessoas a sair da sala, mesmo considerando que foi a estreia e que a maioria do público da estreia não é público real. E quando acabou, só uma pessoa, um senhor já de cabelos brancos, se ergueu para aplaudir de pé. Num segundo regresso dos actores ao palco ter-se-ão levantado mais seis ou sete. Só. Há gente a quem tudo faz confusão: um nu já lhes mete medo, mas um nu seguido de masturbação, seguida de violação, seguida de sexo gratuito, seguida de suicídio, e de morte e de fome e, e, e... se fechar os olhos impedisse a vida de ser tal e qual ela é, também eu teria saído da sala. Mas não só não impede como esse mesmo público está ali ilustradíssimo na peça: são as pessoas para quem apontar o dedo e fazer juízos de valor é tão fácil como respirar. São aquelas cuja ilusória superioridade social lhes permite excluir as outras.

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