domingo, setembro 18, 2011

Mia Couto: Murar o medo



... o medo foi, afinal, o mestre que mais me fez desaprender. Quando deixei a minha casa natal, uma invisível mão roubava-me a coragem de viver e a audácia de ser eu mesmo. No horizonte, vislumbravam-se mais muros do que estradas. Nessa altura, algo me sugeriu o seguinte: que há neste mundo mais medo de coisas más do que coisas más propriamente ditas....

... a nossa indignação é bem menor que o medo. Sem darmos conta, fomos convertidos em soldados de um exército sem nome, e como militares sem farda, deixámos de questionar, deixámos de fazer perguntas e de discutir razões...

... há quem tenha medo que o medo acabe.

O-B-R-I-G-A-T-Ó-R-I-O

1 comentário:

  1. Quien no está preso de la necesidad, está preso del miedo: unos no duermen por la ansiedad de tener las cosas que no tienen, y otros no duermen por el pánico de perder las cosas que tienen. El mundo al revés nos entrena para ver al prójimo como una amenaza y no como una promesa, nos reduce a la soledad y nos consuela con drogas químicas y con amigos cibernéticos. Estamos condenados a morirnos de hambre, a morirnos de miedo o a morirnos de aburrimiento, si es que alguna bala perdida no nos abrevia la existencia.
    Galeano in Patas Arriba

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