quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Runaway train


Varre o pó das estrelas quando bateres a porta. Cala, afasta o gato. Fecha a janela. Corre a cortina. Tapa a lua. Esconde o céu. Fala baixinho. Faz de conta. Não sorrias para não doer. Sedução hirta. As horas. Inverno inteiro de espera. Apaga o fogo antes de saíres. Dobra o corpo suado como um casaco. Cansado. Acende outro cigarro. Testa o colo. Enche o copo. Queima. É inesperado? Desliga a música, mesmo que seja Chopin. Embrulha o segredo. Alucina. Amortece o medo. Venda os olhos. Usa as mãos. Guarda o abraço no bolso de trás das calças. Recolhe o mel do sono. Amanhece sem nunca ter anoitecido. Cuidado com o que vais escrever. Deixa a câmara a gravar. Não vale chorar. Vale mentir? Rasga o mapa. Anestesia a memória. A pista é a rua. A dança o destino. Depressa. Escorrega no veludo da parede. Não há duas histórias iguais. Nem fadas na mesma paragem. Despe a noite, mas não corras. Quanto tempo falta? Se chover não faz mal. O nó já ninguém solta. Amanhã já ninguém lembra. Não há espaço. Vielas córneas entupidas. Falidas? A beleza não é um posto. Porto de abrigo. Procura debaixo da pele. Ouves o incenso a roer o chão? O odor pode enganar. Outro lanço de escadas. Desce devagar. Estranhos como antes. Londres a 25 euros. Ausentes como sempre. Não digas nada. Não olhes para trás. Táxi!

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