domingo, fevereiro 20, 2011

"Ciclo de teatro do Porto?", em Lisboa

[João Pedro Vaz, em Breve Sumário da história de Deus]

Escreve Inês Nadais, no Ípsilon: "Quase cinco anos depois do fim do Rivoli tal como o conhecíamos, o teatro do Porto volta a entrar num teatro municipal - mas num teatro municipal de Lisboa. É bem possível que seja o sítio certo para um teatro desesperadamente à procura de palco: no sentido literal, porque a falta de espaços de apresentação é um dos mais desmoralizadores impedimentos com que se debate a produção teatral independente da cidade, mas sobretudo no sentido figurado, porque a esmagadora maioria do teatro que se faz no Porto (o teatro que se faz fora do circuito Teatro Nacional São João - Teatro Carlos Alberto) faz-se no limiar da invisibilidade."

Serve a introdução para apresentar o ciclo "Ciclo de Teatro do Porto?", em Lisboa. Até ao dia 27 de Março (Dia Internacional do Teatro), 16 companhias do Porto (Ensemble, Visões Úteis, Circolando, Boas Raparigas, Assédio...) vão estar em cena no Teatro Municipal S. Luiz, agora dirigido pelo portuense José Luís Ferreira. O programa, no entanto, ainda pertence ao anterior director, Jorge Salavisa. O ciclo é comissariado por João Pedro Vaz, um dos melhores actores do Porto, que explicou ao Ípsilon: "É óbvio que ter de montar uma operação para que o teatro do Porto se veja em Lisboa levanta questões acerca da difusão de espectáculos em Portugal." Carlos Costa, da Visões Úteis, acrescenta: "Sinto-me um bocadinho animal tipo exótico. Como se o teatro do Porto fosse uma coisa vinda das Ilhas Galápagos. Este ciclo é sintoma de uma patologia profunda da circulação dentro do país: são só 300 quilómetros, há aviões, comboios e auto-estradas, e no entanto não se circula." Sobretudo não se circula nos dois sentidos. "Não passaria pela cabeça de ninguém organizar um ciclo de teatro de Lisboa no Porto, até porque os espectáculos de Lisboa ainda vão sendo vistos no Porto."

O trabalho de Inês Nadais sobre o tecido teatral independente na cidade é absolutamente notável. Mas demasiado extenso para o transcrever aqui na íntegra e, infelizmente, não está disponível on-line. Como ela diz, e bem, "nas próximas semana, o teatro do Porto terá um palco, e capas de jornais, e cinco minutos de fama na televisão - e claro, dirá que para ter tudo isto teve de ir a Lisboa."

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